Da indignação à acção. Joana é uma das 3.000 pessoas que vão a pé de Berlim a Alepo
26-12-2016 - 07:14
 • Guilherme Correia da Silva, em Berlim

Estes peregrinos farão a “rota dos refugiados” em sentido inverso aos dos refugiados. É uma “peregrinação” de 3.000 quilómetros.

Joana, uma jornalista de 37 anos, não consegue ficar em casa de braços cruzados perante a “maior crise humanitária” da actualidade. Por Alepo junta-se a milhares de pessoas que saem esta segunda-feira de Berlim numa marcha civil até à “cidade mártir”.

São 3.000 quilómetros a andar, para lembrar o mundo que é preciso pôr fim aos confrontos na Síria e ajudar os milhões sírios que tiveram de fugir das suas casas.

A guerra na Síria começou há quase seis anos. Mais de 400 mil pessoas morreram, 12 milhões foram obrigadas a fugir de suas casas e precisam de ajuda.

“Basta ser humano para realmente sentir aquela injustiça e sentir aquelas atrocidades. Já estou cansada de dizer que isto é horrível, mas não fazer nada”, disse à Renascença Joana Simões Piedade.

A jornalista é uma de duas portuguesas na equipa de 50 pessoas que está a organizar a marcha civil de Berlim a Alepo. O objectivo é exigir a paz e chamar a atenção do mundo para a situação na Síria. É uma “peregrinação” de 3.000 quilómetros, e estes peregrinos farão a “rota dos refugiados” em sentido inverso.

“Pretendemos fazer também um tributo aos refugiados. É um tributo àquela imensidão de pessoas que foram forçadas a desistir das suas vidas. Pais, mães e crianças, que de um momento para o outro, são obrigadas a estar a fugir das suas casas, dos seus quartos e abandonar os seus brinquedos.”

Uma bandeira branca pela paz

A previsão é andar 15 quilómetros por dia. Joana estará no arranque da marcha. Na mochila roupa quente para o frio, saco-cama, saquetas de chá, uma lanterna e máquina fotográfica. Leva também uma bandeira branca - uma bandeira apartidária, pela paz.

“É o concretizar da nossa revolta. Esta iniciativa surge do canalizar de uma angústia, de uma tristeza, de uma raiva, de uma impotência e dizer ‘Não’: nós realmente podemos fazer alguma coisa, nem que seja usar a nossa voz, usar essa nossa indignação, para agir.”

A marcha começa no antigo Aeroporto de Berlim-Tempelhof, o maior campo de refugiados da Alemanha.