Líder separatista diz que soldados do regimento Azov arriscam pena de morte
30-05-2022 - 17:10
 • Lusa

Os combatentes ucranianos estão detidos no território separatista russófono de Donetsk.

Os combatentes ucranianos do regimento Azov que se renderam após terem combatido em Mariupol, sudeste da Ucrânia, serão julgados e arriscam a pena de morte, afirmou hoje um responsável do território separatista russófono de Donetsk (DNR).

"Todos os prisioneiros de guerra encontram-se em território da DNR", declarou à televisão russa Iuri Sirovatko, ministro da Justiça desta autoproclamada república situada no leste do país.

"Concretamente, temos 2.300 prisioneiros de guerra da [siderurgia] Azovstal", precisou, antes de acrescentar que o "regimento Azov é considerado como uma organização terrorista" e que "todos serão objeto de inquéritos criminais" na perspetiva de um processo.

"Semelhantes crimes são passíveis no nosso território da pena capital, a pena de morte", concluiu o ministro.

Os últimos defensores ucranianos de Mariupol, entrincheirados na imensa siderurgia de Azovstal, renderam-se às forças russas entre 16 e 20 de maio, após três meses de intensos combates.

As autoridades russas apresentam os combatentes de Azov, um regimento fundando por ultranacionalistas ucranianos, como "neonazis" e pretendem tratá-los como criminosos de guerra, e não como prisioneiros de guerra.

No sábado, o Presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz pediram ao Presidente russo Vladimir Putin que ordenasse a sua libertação.

A ofensiva militar lançada na madrugada de 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia causou já a fuga de mais de 14 milhões de pessoas de suas casas - mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,8 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 4.074 civis morreram e 4.826 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 96.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a cidades cercadas ou a zonas até agora sob intensos combates.