António Costa em Beja. “O país precisa de imigração”
19-01-2022 - 22:36
 • Rosário Silva

O secretário-geral do PS visitou esta quarta-feira a cidade de Beja onde teve contato com a população. Antes, visitou uma empresa de sucesso, de produção de morangos, que labora na zona do Alqueva.

Produzir morangos de elevada qualidade, de forma eficiente, numa zona de enorme potencial agrícola em pleno coração do regadio de Alqueva é o desafio da Paxberry, localizada na freguesia de Quintos, no concelho de Beja.

Um projeto inovador que o secretário-geral do PS visitou esta quarta-feira e considerou como “um excelente exemplo”, no decorrer da visita que efetuou no âmbito da campanha eleitoral.

“Um excelente exemplo de como é possível em Portugal, passarmos a produzir frutos quentes que não produzíamos e compensar, de uma vez por todas, esse défice alimentar que nós tínhamos”, afirmou António Costa.

“Felizmente, nas ultimas décadas, temos crescido muito significativamente na nossa produção agrícola, temos e podemos continuar a fazê-lo, desde que o façamos bem, de um modo sustentável”, argumentou o líder socialista.

A Paxberry vai na sua sétima campanha, sendo um projeto que se carateriza por uma aposta contínua nas mais avançadas técnicas de produção, promovendo ao máximo a eficiência energética e de recursos, com o objetivo de ter a melhor qualidade e a máxima produção nos ciclos de maior procura de mercado.

Não sendo uma cultura biológica, tem um nível de reutilização de água de 100% e é uma produção orientada para a preservação da natureza por não representar desgaste dos solos e poluição dos lençóis freáticos.

Quisemos tentar fazer aqui uma coisa diferente, atendendo às condições que nós tínhamos como a água de Alqueva, o clima e toda a envolvente”, diz à Renascença, Hugo Pereira, um dos sócios da empresa.

“Foi uma aposta ganha, plantamos em setembro e começamos logo a produzir em princípio de novembro”, adianta este responsável pela produção que ronda as 200 a 250 toneladas por ano e que tem como destino apenas o mercado nacional.

Hugo Pereira foi o guia de António Costa, convidado a provar um morango da estufa. “Muito bom”, disse, levando, depois, um outro para dar a provar à sua mulher Fernanda Tadeu, que o acompanhou a visita ao Baixo Alentejo.

“A água que aqui se utiliza é reciclada e reaproveitada, o que é muito importante, porque impede a contaminação dos solos e permite maior eficiência”, sublinhou o primeiro-ministro que classificou a empresa como “exemplo de produção integrada”.

Esta situação “permite uma estabilidade relativamente à mão-de-obra que trabalha na empresa”, indicou, para logo a seguir recordar que o Governo assinou dois acordos de mobilidade, um com os Estados-membros Comunidade de Países de Língua Portuguesa e outro com a Índia.

“O país precisa de imigração para continuarmos a crescer economicamente e essa é a missão que temos de ter, ser um país mais próximo dos países desenvolvidos da União Europeia”, sendo necessário, para o efeito, “ter bons empresários para investirem, sustentabilidade nos investimentos que fazem e recursos humanos”, sustentou.

À baila veio logo o recente caso dos trabalhadores agrícolas estrangeiros de Odemira, com o secretário-geral do PS a assinalar algumas diferenças.

“Odemira teve uma dimensão de grande concentração de pessoas e um problema de habitação” que é “crucial”, daí ter sido acordado com a Câmara Municipal de Odemira, “o assegurar habitação condigna a todos os que trabalham”, uma vez que existem “recursos financeiros disponíveis para esse efeito”.

Depois de visitar a Paxberry, a comitiva de Costa foi até às Portas de Mértola, na cidade de Beja, que concentra uma boa parte do comércio local.

Sempre com a sua samarra, referiu “comprada em Vinhais (Trás-os-Montes)”, foi distribuindo às várias dezenas de pessoas que o aguardavam, palavras, sorrisos, abraços, apertos de mão, um pouco de tudo o que, por estes dias, é pouco aconselhado por causa da pandemia.

O líder do PS foi ao conhecido Luiz da Rocha, beber um café com o presidente do município, o socialista Paulo Arsénio, e acabou a participar numa arruada que não estava prevista no programa deste dia de campanha eleitoral.

Ao fim da tarde, António Costa deixou a capital do Baixo Alentejo, onde se elegem três deputados, dois dos quais pertencem, desde 2019, ao Partido Socialista.