Abusos. Presidente da República sugere nova comissão sem participação da Igreja
12-01-2024 - 21:07
 • Ana Catarina André

Marcelo Rebelo de Sousa indicou à associação Coração Silenciado que acredita que, além da Igreja, é também responsabilidade do Estado pagar indemnizações às vítimas destes crimes.

O Presidente da República sugeriu, num encontro com a associação Coração Silenciado, a criação de uma nova comissão tutelada pelo Estado para investigar abusos sexuais, sem a participação da Igreja, à semelhança do que aconteceu em Espanha.

A informação foi adianta aos jornalistas pela associação que junta vítimas de abuso sexual da Igreja, no final do encontro com o Presidente da República, no Palácio de Belém, onde estiveram três vitimas.

"A sugestão do senhor Presidente foi muito clara: não vamos dizer à Igreja para investigar a Igreja, basicamente foi o que ele nos disse. As comissões que existem têm como patrocínio e como iniciativa a Igreja e o que nós vínhamos aqui sugerir era exatamente", adiantou Cristina Amaral, uma das representantes da associação.

"Felizmente, o Presidente teve muita empatia pela nossa causa e as primeiras palavras foram dele. É o Estado que tem uma responsabilidade. Vínhamos com esta ideia, mas foi o Presidente a sugeri-la primeiro", contou.

Marcelo Rebelo de Sousa indicou, ainda, à associação Coração Silenciado que acredita que, a par da Igreja, é também responsabilidade do Estado pagar as indemnizações às vítimas destes crimes.

António Grosso, outro dos representantes da associação, revelou ainda que Marcelo Rebelo de Sousa prometeu aconselhar o próximo governo e à assembleia da república para que olhe para o tema dos abusos como "central" e se altere o prazo de prescrição dos crimes de abuso sexual de menores.

"A Assembleia da República já teve duas oportunidades perdidas para avançar com legislação nova para prescrições", apontou o representante.

No domingo, os representantes da Associação Coração Silenciado reúnem-se com a Conferência Episcopal Portugal (CEP), onde serão recebidos pelo presidente da CEP, D. José Ornelas. Sobre esse encontro, Antonio Grosso revelou que irão abordar os mesmos temas, ou seja, a prescrição dos crimes e a reparação às vítimas.