O que mais preocupa professores e diretores?
14-10-2024 - 19:45
 • Fátima Casanova

No Explicador Renascença desta segunda-feira vamos até à escola para tentar perceber o que está a preocupar professores e direções escolares. O retrato vai ser feito a partir dos resultados do inquérito realizado pelo movimento “Missão Escola Pública”.

O que está a preocupar mais os professores, agora que se completa um mês desde o início do ano letivo?

De acordo com as respostas dadas ao inquérito, realizado na primeira semana deste mês, o que mais preocupa os professores é a indisciplina nas salas de aula. 55% afirmaram, mesmo, terem sido vítimas de agressões físicas ou verbais por parte dos alunos. E este acaba por ser o problema identificado pelos professores, como sendo aquele que mais condiciona o bem-estar na escola.

E na posse dessa conclusão, o que defende o movimento “Missão Escola Pública”?

Desde logo pede ao Ministério da Educação que defina diretrizes de como as direções escolares devem agir perante estas situações, porque, segundo este movimento, muitas delas não reportam os casos à Escola Segura para não se criar uma imagem negativa do estabelecimento de ensino.

Defende também a contratação de vigilantes para as escolas. Estes profissionais foram prometidos pelo anterior Governo (mais de 500), mas a promessa não foi concretizada.

Ao mesmo tempo, a Missão Escola Pública pede que os encarregados de educação sejam responsabilizados.

Para além da indisciplina dos alunos, que outras questões mais preocupam os professores?

Um total de 26% dos docentes apontam a burocracia como uma preocupação. Falam em excesso de tarefas administrativas, muita papelada e apontam a redundância de documentos preenchidos em formato analógico e digital.

Quanto aos diretores das escolas, o que é que os está a preocupar?

É a falta de professores. Mais de metade das cerca de 4.500 escolas não têm os professores todos e há estabelecimentos de ensino onde faltam mais de 15 docentes.

Os diretores referem ainda que foram poucos os docentes reformados que manifestaram a intenção de regressar ao ensino. 96% dos diretores inquiridos não vão ter um único professor nessas circunstâncias. O Ministério da Educação tinha traçado como meta colocar cerca de 200 professores aposentados.

Esse concurso já terminou?

Encerrou na última sexta-feira, mas ainda não se sabe quantos professores concorreram, mas, a avaliar pelo que responderam os diretores, a adesão terá sido fraca.

Também em 70% das escolas nenhum docente pretende adiar a data para a aposentação. Esta era outra medida do ministério de Fernando Alexandre para fazer face à falta de professores.

O número de docentes que poderá reformar-se este ano letivo ainda vai ser elevado. Desde setembro já se reformaram cerca de 1.100.

Não é surpresa, tendo em conta que a classe está muito envelhecida…

Os resultados deste inquérito mostram isso mesmo: em cerca de 10% das escolas há mais de 10 professores a reformarem-se já este ano letivo.