Votos judeus ajudam a fortalecer extrema-direita na Europa, avisa rabino
02-06-2016 - 20:31

O presidente da Conferência Europeia de Rabinos diz que há muitos judeus que estão a ceder á propaganda anti-islâmica dos partidos radicais, mas que os muçulmanos moderados são um “aliado natural” dos judeus.

A subida de popularidade de partidos de extrema-direita em vários países da Europa poderá estar a contar com os votos de judeus em vários países, admite um rabino.

Comentando a recente prestação de Norbert Hofer, o candidato de extrema-direita nas eleições presidenciais da Áustria que perdeu por um número marginal de votos, o rabino Pinchas Goldschmidt, presidente da Conferência Europeia de Rabinos, disse saber que muitos judeus naquele país tinham votado em Hofer.

Em causa, afirma, está a preocupação com as comunidades islâmicas.

“Tanto quanto me é dado entender, é provável que um número não insignificante de judeus votou em Hofer para a presidência”, explicou Goldschmidt, numa entrevista à Reuters.

Ironizando, o rabino explica que “quando Deus distribuiu a inteligência, nem toda a gente se colocou na fila. Por isso, quando aparecem estes partidos com uma mensagem populista e dizem ‘vamos salvar-vos dos muçulmanos’, a propaganda resulta”.

O rabino, que é também o responsável da comunidade judaica de Moscovo, disse ter indicações de que se estará a passar o mesmo em França, com muitos judeus a serem seduzidos pelo discurso anti-islâmico da Frente Nacional.

Na entrevista à Reuters Goldschmidt critica também a tentativa feita pela extrema-direita para confundir os jihadistas com os muçulmanos moderados. “O muçulmano moderado é nosso aliado natural. Eles são tão vítimas do islão radical como nós judeus. O populismo e generalização é que são perigosos e destrutivos.”

O rabino avisa que os partidos moderados estão a perder terreno devido ao discurso populista dos partidos extremistas e que se não abordarem as questões que realmente interessam aos eleitores a situação pode mesmo piorar.