O Papa Francisco criou esta terça-feira uma nova categoria de acesso à beatificação ou canonização, segundo um documento divulgado pelo Vaticano.
A nova categoria é a “dádiva da vida” e diz respeito a pessoas que “oferecem livre e voluntariamente a vida e aceitam heroicamente uma morte certa e próxima” como consequência directa dessa decisão.
O documento clarifica que esta categoria é diferente do martírio, pois no martírio, segundo a doutrina cristã, a pessoa em causa tem de ter sido morta directamente por ódio à fé.
Assim, e a título de exemplo, esta nova categoria poderia abranger pessoas que escolhem livremente permanecer em situações de guerra ou de epidemia para auxiliar os seus próximos, sabendo que com isso correm o risco de vida e que acabam mesmo por morrer por isso, mas cuja morte não é motivada por ódio à fé cristã.
Há ainda outra categoria para processos de beatificação que é a das virtudes heróicas, pessoas que não deram necessariamente a vida, nem foram martirizadas, mas cultivaram durante a vida as virtudes cristãs até ao mais alto grau e ganharam por isso fama de santidade.
Esta nova categoria de dádiva de vida continua a obedecer a alguns critérios. Aplica-se apenas a pessoas que tiveram uma vida virtuosa “pelo menos em grau ordinário” das virtudes cristãs antes dessa dádiva de vida e que as mantiveram até ao momento da morte. Tal como noutras categorias, é necessário que exista uma fama de santidade e sinais que indiquem essa santidade, pelo menos depois da morte e para que a beatificação seja confirmada deve provar-se a existência de um milagre por intercessão da pessoa em causa, embora o Papa tenha autoridade para dispensar este requisito se assim o entender.