26 ​As Olímpiadas e o doping
26-07-2021 - 06:10

Os jogos olímpicos de Tóquio não têm público a assistir e não agradam à maioria dos japoneses. Nas Olimpíadas os testes de doping surgiram em 1968. De então para cá, nas competições olímpicas, como noutras, o doping é uma ameaça permanente. Temos que viver com ela.

Como é sabido, os jogos olímpicos a decorrer em Tóquio são de... 2020. Foram no ano passado adiados por causa da pandemia. Mas o receio da covid-19 não desapareceu. A hipótese de cancelar os jogos mantém-se a qualquer momento, pelo menos é o que afirmou um alto responsável da organização.

Estes jogos passam-se sem público a assistir, numa cidade em estado de emergência até 22 de agosto. Sondagens apontam para que cerca de 80% da população japonesa teria preferido que os jogos não se realizassem. Agora a ameaça de um tufão acrescenta mais uma contrariedade.

Certamente que estes jogos olímpicos adiados não se realizarem teria sido um injusto golpe para milhares de atletas que desde há muito se prepararam para competir. E os jogos movimentam muitos milhões de dólares. Quando na viragem do séc. XIX para o séc. XX foram lançados os jogos olímpicos da era moderna, apenas concorriam desportistas amadores. Essa época acabou há muito. Grande parte do desporto, hoje, é antes de mais um negócio. O amadorismo deixou de ser uma exigência olímpica em 1988, depois de ter sido falseada durante muitos anos.

O dinheiro envolvido em várias modalidades olímpicas é, também, um dos fatores do alastramento do doping. Nos correntes jogos não participa a Rússia por causa de um gigantesco escândalo de doping; entre 2011 e 2015, pelo menos, a Rússia dopou sistematicamente centenas de atletas, pelo que foi excluída dos atuais jogos. Aqui, tanto ou mais do que o dinheiro, terá pesado o prestígio nacional. No tempo do comunismo soviético o doping era uma prática corrente, com graves prejuízos para a saúde dos atletas, como foram os conhecidos casos de nadadoras e ginastas dos países do bloco dominado pela URSS.

A suspeita de doping não se restringe aos jogos olímpicos. Pesa sobre o atletismo em geral e sobre o ciclismo em particular. Veja-se a volta à França: depois de o americano Lance Armstrong ter vencido sete sucessivas voltas a França, graças a um sofisticado esquema de doping, é difícil evitar suspeitas, por muitos controles que se realizem – como acontece nos presentes jogos olímpicos. E todos recordamos casos de atletas que, meses ou até anos após conquistarem medalhas, as têm que devolver, por motivos de doping.

Nos jogos olímpicos os testes de doping surgiram em 1968. De então para cá, nas competições olímpicas, como noutras, o doping é uma ameaça permanente. Temos que viver com ela.