As propostas mais exóticas e polémicas da corrida autárquica
26-09-2017 - 11:30
 • Ricardo Vieira

Uma divisória entre homens e mulheres nos transportes públicos, formação em Direitos Humanos para ciganos, ensinar defesa pessoal aos eleitores e uma declaração de guerra às gaivotas são algumas das promessas em cima da mesa nas eleições de domingo.


Milhares de programas eleitorais vão a votos nas eleições autárquicas do próximo domingo. Algumas propostas destacam-se por serem exóticas, fora da caixa ou pela polémica que estão a causar.

Uma zona para elas

A candidata do partido Nós, Cidadãos! à Câmara de Lisboa quer separar as mulheres dos homens nos transportes públicos.

Joana Amaral Dias defende a instalação de uma divisória e a criação de um espaço especial para mulheres nos autocarros e no metropolitano, para evitar casos de assédio.

A proposta da antiga deputada pelo Bloco de Esquerda e psicóloga foi apresentada num debate com outras candidaturas na Casa do Brasil. “Apartheid”, “carruagem cor-de-rosa” ou medida segregadora foram algumas das críticas apontadas.

Cidadãos karatecas

A segurança também é uma grande preocupação do candidato do CDS à Junta da Freguesia da Penha de França, em Lisboa.

Pedro Cardoso quer mais polícias nas ruas, guardas nocturnos e, para o caso de tudo isto falhar, cidadãos mestres em Krav Maga, a famosa arte marcial israelita de defesa pessoal.

"Reconhecido como o melhor sistema de defesa pessoal deve ser difundido e incentivado entre a população, principalmente a feminina, para legítima defesa", afirma a candidatura.

Em Faro, há um candidato que aposta tudo no amor. O independente Humberto Correia quer potenciar o turismo e transformar a cidade no “destino do amor”.

Também promete “valorizar as mulheres”, através da realização... de desfiles de moda e concursos de beleza. Humberto Correia defende ainda “bailaricos em Faro todas as semanas”.

Um aeroporto internacional para Coimbra...

Manuel Machado, actual presidente da Câmara de Coimbra e candidato do PS, propõe a construção de um aeroporto internacional, mas não para ser um "elefante branco" como o de Beja.

O plano é aproveitar o aeródromo municipal Bissaya Barreto para potenciar o turismo e a actividade económica da região. Deverá implicar um investimento de 10 a 12 milhões de euros, 15% dos quais comparticipados pela autarquia.

Jaime Ramos, da coligação PSD/CDS/PPM/MPT, defende obras de ampliação no aeródromo, mas critica a proposta “ridícula e anedótica” dos socialistas. A candidatura propõe, em alternativa a abertura da base aérea de Monte Real à aviação civil, em parceria com a Câmara de Leiria.

... e 20 estações de metro em Lisboa

Em Lisboa, a candidata do CDS, Assunção Cristas, defende não um aeroporto, mas a construção de 20 novas estações de Metropolitano, a juntar às 56 existentes, uma ideia considerada ambiciosa por uns e megalómana por outros.

“Ou há rasgo, horizonte e ambição para o metro de Lisboa ou os problemas da área metropolitana não se vão resolver (... ). A nossa proposta são 20 novas estações para o metro de Lisboa e espero que possam ser estudadas, planeadas, financiadas e tratadas”, declarou Assunção Cristas, no Parlamento, sem avançar custos.

Na resposta, o primeiro-ministro avisou que novas obras públicas só avançam com financiamento europeu, no quadro 2020. "Se não, não passa de um bonito quadro para apresentar no plenário da Assembleia da República", declarou António Costa.

Formação em Direitos Humanos para ciganos

Ali ao lado de Lisboa, no concelho de Loures, o candidato do PSD à câmara, André Ventura, propõe no seu programa “formação obrigatória” para a etnia cigana, em Direito Penal, Direitos Humanos e Direitos das Mulheres.

As pessoas que não frequentarem a formação ficarão sem os apoios sociais do município, como habitação, defende o advogado acusado pelas outras candidaturas de racismo, que acusa também os ciganos de “viverem quase exclusivamente de subsídios”.

Várias vozes denunciaram: a medida pode muito bem violar as regras do direito... constitucional.

Na viagem pelo país das propostas insólitas, o candidato do PS à Câmara da Guarda, Eduardo Brito, defende a criação de uma nova moeda, o “sancho”, que seria utilizada exclusivamente no comércio local, dificultando a saída de dinheiro do município.

Uma medida idêntica também faz parte das promessas do cabeça de lista do Livre à Câmara de Ponta Delgada, José Azevedo, para “facilitar as trocas entre os agentes económicos”. Francisco Guerreiro, do PAN, quer introduzir a moeda “cascalho” em Cascais.

Guerra às gaivotas...

O candidato do PSD à Câmara do Porto, Álvaro Santos Almeida, não está a pensar em moedas alternativas ao euro, mas quer acabar com o que diz ser a “praga das gaivotas”.

Para o antigo quadro do Fundo Monetário Internacional (FMI), que quer destronar o autarca Rui Moreira, as aves constituem um “perigo para a saúde pública”, juntamente com o lixo que se acumula na cidade “fora dos locais próprios”.

... e desconto nas campas

Ainda na área metropolitano do Porto, José Couto, candidato do PS à Junta de Freguesia de Sabrosa, em Paredes, promete reduzir o preço das sepulturas para metade.

Se ganhar as eleições, o custo das campas vai descer dos actuais 1.500 euros para 750 euros - e até fez um cartaz sobre isso que se tornou viral nas redes sociais.