Mudar aos 100 anos sem tocar na ambição. António Miguel Cardoso confia num Vitória europeu
22-09-2022 - 06:26
 • Sílvio Vieira

O Vitória Sport Clube inicia as celebrações do centenário, num momento de reformatação. Seriedade, força de vencer, lealdade, ética é o que o presidente do clube quer oferecer aos adeptos como presente. Em entrevista à Renascença, António Miguel Cardoso abre o livro sobre seis meses de presidência, em que a sua maior preocupação é "fazer tudo para que o Vitória seja digno". O aperto financeiro continua a sentir-se, apesar da redução significativa do orçamento. A contração das contas, no entanto, não limita a vontade de ter um Vitória maior.

António Miguel Cardoso sabe que fica, a partir de hoje, com um lugar reservado na história do Vitória Sport Clube. Será para sempre, e para já, recordado como o presidente do centenário do clube que, "desde pequenino", sonhou liderar.

"Quis a história que assim fosse. Não foi programado, como é evidente, mas é uma responsabilidade acrescida. Cem anos não são 10, 20 ou 30. Portanto, não deixo de marcar a história e sinto um grande orgulho", assume, em entrevista à Renascença.

O brilho de momento, no entanto, não lhe retira o foco da razão de tudo: dar dignidade ao Vitória de Guimarães. Assumiu e reforça que este ano de centenário é um momento de mudança.

"É uma altura em que temos de pensar verdadeiramente diferente", afirma, num apelo à união. António Miguel Cardoso tem uma preocupação muito terrena: pagar salários. Chegou há seis meses ao clube e com receitas já antecipadas para os próximos dois anos e meio procurou soluções.

Explica, nesta conversa com a Renascença, as razões que o levaram a ter de transferir nomes importantes da equipa e à saída de pessoas que inicialmente faziam parte do projeto. E é por ele, pelo projeto, que não dá margem a desvios.

A estratégia passa por reduzir despesa e o orçamento da SAD, revela, já sofreu um corte de cerca de 35%. Os salários baixaram, apostou-se na formação, saíram jogadores influentes, como Rochinha, Estupiñan, André Almeida, Rafa, houve mudança de treinador - Moreno sucedeu a Pepa - a poucas horas do início da época, mas, apesar de tudo, António Miguel Cardoso acredita numa "época de sucesso", com apuramento para uma competição europeia.

O horizonte tem de ser projetado a prazo. "Não podemos pensar jogo a jogo", anota, em contraciclo com um lugar comum do "futebolês". Aos 100 anos, o Vitória de Guimarães tem um presidente que não se agarra a frases feitas e não tem grandes preocupações de design ou cosmética: "Não abdicarei nunca dos princípios que temos para que o Vitória possa ser cada vez mais Vitória".

O Vitória de Guimarães completa 100 anos. Haverá fôlego para apagar as velas de um aniversário tão especial?

É uma data especial, são 100 anos, mostra aquilo que é o espólio e a história do clube. Nós não temos fôlego, porque o clube é demasiado grande e 100 anos é muito tempo. Sozinho, com as pessoas que estão comigo e todos os sócios não temos espaço suficiente para apagar as velas.

É um orgulho enorme ser presidente do Vitória, numa data tão importante e numa altura em que o Vitória está a entrar num novo ciclo. É um responsabilidade muito grande, mas tem um simbolismo enorme.

É algo para contar aos netos, tem um significado especial ser o presidente no ano do centenário?

Sim. Quis a história que assim fosse. Não foi programado, como é evidente, mas é uma responsabilidade acrescida. Cem anos não são 10, 20 ou 30. Sabemos que há muito a fazer, sabemos também que, provavelmente, só festejaremos algo idêntico quando fizermos os 200 anos.

Portanto, não deixo de marcar a história, não deixa de ser um grande responsabilidade e sinto um grande orgulho. Mas tudo aquilo que tenho de ter bem presente é que tenho de trabalhar pelo Vitória todos os dias, sabendo que sou eu o presidente neste momento, mas já houve muitos e muitos mais virão. Importante é que o Vitória continue a crescer.

Que presente gostaria de oferecer aos adeptos?

O mais importante para oferecer aos adeptos é a seriedade, que o Vitória sempre teve e vai continuar a ter. Seriedade, lealdade, a força de vencer, sempre com muita ética.

Sempre dentro desta filosofia de rigor, de disciplina. Essa é a melhor forma do Vitória crescer. É assim que teremos mais títulos, mais modalidades e mais crescimento.

O António Miguel Cardoso, permita-me a comparação, é como que o "Rúben Amorim dos presidentes", no que diz respeito à forma como comunicam, da forma como defendem os projetos e as ideias subjacentes aos projetos que definem. Revê-se nessa imagem de alguém que tendo um projeto, tem margens definidas e não as ultrapassa?

Sim, acho que isso me define como pessoa e, sobretudo, ao ter esta responsabilidade de me tornar presidente do Vitória, e acompanhando o clube desde que nasci, acho que são marcos importantes para que se possa fazer um trabalho sério e correto.

Não podemos pensar que vamos entrar num clube e, porque todos os clubes são dirigidos de determinada forma, nós também tempos de fazer o mesmo. Não, nós temos de ter princípios, valores e ser muito sérios. Acredito muito que a forma de o Vitória crescer verdadeiramente é modificar-se.

É importante nesta altura do centenário percebermos que temos de modificar algumas coisas para nos tornarmos mais ganhadores. Acho que é muito importante essa cultura de vitória e de união dentro do Vitória.

Percebo o que quer dizer, não o faço por questões de design ou cosmética. Não abdicarei nunca dos princípios que temos como direção para que o Vitória possa ser cada vez mais Vitória.

Foi dentro dessa lógica de defesa de ideias, de um projeto, que Pepa saiu poucos dias antes do primeiro jogo da época, e que saíram também Diogo Boa Alma, da direção desportiva, e Diogo Leite Ribeiro, da SAD?

Estamos numa fase de aniversário, de festejos, de novo ciclo e isso é que é o mais importante. É normal, quando os clubes atravessam, e o Vitória atravessa, uma fase muito difícil, uma fase em que é verdadeiramente importante mudar o ciclo, e quando as lideranças são bem definidas, sabendo para onde queremos ir, é normal que no caminho existam pessoas que pensem de outra forma, ou que tenham outros objetivos pessoais.

É normal, não consigo pensar que seja estranho. No caminho isto vai continuar a acontecer, mas também não viemos para cá para agradar a todos. Viemos para a agradar aos sócios do Vitória. São processos naturais que vão continuar a acontecer, se for preciso.

A saída de Pepa foi incontornável?

Eu neste momento só penso no Moreno, na equipa técnica do Moreno, e nos nossos jogadores. Isso faz parte do passado e a saída do Pepa já não entra na minha cabeça.

É normal, aconteceu, ponto final. O Vitória tem de olhar para a sua história com muito orgulho, mas neste momento temos de nos agarrar àqueles que cá temos e nos que lutam todos os dias. Até agora a equipa técnica tem feito um trabalho muito bom, espetacular, de motivação dos nossos jogadores e da nossa massa adepta.

Teria sido fácil apresentar o Moreno como uma solução interina, na urgência da substituição de Pepa, mas anunciou-o como a sua escolha. O que é que definiu a sua decisão?

Quando somos gestores, e todos nós somos gestores da nossa vida, temos de pensar sempre em planos A, B e C, consoante as mudanças. A capacidade que temos de ter de nos adaptarmos às mudanças.

Antes de entrar no Vitória já tinha uma especial simpatia pelo Moreno, pela forma como sempre foi um grande jogador do Vitória, como sempre foi um grande líder. Admito que desde que entrámos que fomos vendo o trabalho na equipa B, a forma como liderava, como comunicava, como se preocupava com os detalhes, a forma como a equipa B jogava.

Era alguém que já víamos como próximo treinador do Vitória, caso o nosso treinador tivesse de sair, fosse por que motivo fosse. A sucesso foi muito fácil e objetiva.

Já disse que está satisfeito com o trabalho que a equipa técnica tem feito, dentro de um contexto de modificações profundas no clube. Tendo em conta as duas dimensões - desportiva e financeira - que é o horizonte do Vitória? É realista pensar numa qualificação europeia?

O horizonte é pensar no médio/longo prazo naquilo que é a época desportiva. Não podemos pensar jogo a jogo. Não podemos pensar que cada jogo é a vida ou a morte. Estamos satisfeitos com a equipa técnica, com a direção desportiva, com os jogadores e é muito importante a união que nós temos.

É preciso dar estabilidade, solidificar todas estas pessoas. Acreditamos que a nossa época vai ser boa, acreditamos que vamos ter resultados importantes e eu acredito, pessoalmente, que vamos conseguir o objetivo europeu.

Agora, todos lutamos nesse caminho - sabemos que tem sido feito uma correção a nível de orçamento -, mas, mesmo assim, queremos acreditar que as coisas nos vão correr bem, porque trabalhamos para isso com todo o afinco.

Essa contração das contas está à vista de todos e nas movimentações do mercado, tornadas públicas pelo Vitória, conclui-se que houve um encaixe ligeiramente superior a 20 milhões de euros e investimento na casa dos 2,5 milhões. Houve também muitos cortes na despesa. O que é que em seis meses já conseguiu fazer pelas contas do Vitória?

Quando entrámos no Vitória o passivo era verdadeiramente pesado. Temos muita dívida para trás, a clubes, fornecedores, e as receitas para os próximos dois anos e meio já foram antecipadas.

A grande receita, os contratos de televisão, já foi antecipada pela direção anterior. Portanto, nós entrámos no ano com os pagamentos que temos de fazer, para que o ano corra bem, com um lastro, um passivo muito grande e sem receitas.

Temos de fazer aqui alguns milagres para que a coisa possa correr minimamente bem. Além dos contratos de televisão, contratos de camisolas também já foram antecipados.

Não nos resta outra receita que não a venda de jogadores e reduzir o orçamento da SAD. Foi isto que fizemos. Baixámos o orçamento da SAD em 30% a 35%. Há coisas que não conseguimos fazer de um dia para o outro, porque existem contratos, mas o nosso objetivo é, lentamente, ir diminuindo o passivo e reduzindo o orçamento para, dentro de dois anos e meio, quando voltarmos a ter as receitas, o clube possa estar mais equilibrado para crescer.

Apesar de todos estes problemas, acreditamos que com uma equipa jovem, com uma boa equipa técnica, com um bom scouting, monitorização, é possível termos equipas que conseguem ter resultados desportivos.

É muito importante estarmos convencidos de que temos de resolver os problemas finaceiros e desportivos, ao mesmo tempo.

Sentiu alguma vulnerabilidades nas negocições durante o mercado de transferências?

Não sentimos vulnerabilidade, mas sabíamos que havia jogadores que tinham de sair, porque tinham salários altos. Nós não tínhamos grande hipótese, porque sabíamos que os jogadores já eram mais velhos, não havia perspetiva de transferência e esses jogadores, de uma forma ou de outra, porque os salários eram altos, tinham de sair.

Conseguimos perceber quais eram os jogadores que queríamos que continuassem e os que eram transferíveis.

Foram seis meses duros, mas agora resiramos melhor. Continuamos ligados às máquinas, mas já conseguimos respirar, já conseguimos ver os próximos meses, já conseguimos pagar salários com maior tranquilidade, que é aquilo que é mais importante.

Temos funcionários, colaboradores e importante é que no final do mês possam ter o seu rendimento.

Saíram jogadores importantes, como Rafa, Estupiñan, André Almeida, Rochinha. Uns estavam em fim de contrato, outros apenas mais um ano de vínculo. Era impossível segurar estes jogadores?

O Oscar Estupiñan estava em final de contrato e também, permita-me dizer, enquanto esteve cá esteve muito tempo a treinar na equipa B. Apareceu neste último ano. Estava em final de contrato e tinha outros desejos. Já estava mais do que convencido de que iria sair e, até pelo salário que certamente foi ganhar, nada podíamos fazer.

A situação do Rafa é igual. Quando entrámos, falámos com os jogadores, percebemos que os salários já não se enquadravam e que era impossível segurá-los, apesar de termos tentado.

O Rochinha tinha mais um ano de contrato com o Vitória, tentámos renovar-lhe o contrato, perceber se o Rochinha queria ficar cá mais tempo. Alías, já era um símbolo do Vitória, mas poderia tornar-se um símbolo ainda maior.

Percebemos que existia vontade de sair do jogador, que não queria renovar connosco. Apareceu uma proposta em que ele estava, obviamente, interessado. Achámos que foi o melhor que podíamos fazer naquele momento. Os valores são os corretos.

Que avaliação faz do negócio do Marcus Edwards, que é anterior à sua chegada?

Não me compete estar a falar daquilo que foi a gestão anterior do Vitória, até por já lhe falei dos grandes problemas que sentimos na nossa entrada.

O Marcus Edwards foi transferido para o Sporting, sabemos da qualidade do jogador, mas também sabemos que foi uma transferência praticamente no último dia da janela de mercado. Aí, provavelmente, também havia uma grande necessidade de o jogador ser vendido, pelo que percebo. São negócios naturais. Foi normal.

Já fez as contas a quanto é que pode encaixar com as percentagens de vendas de jogadores como Edwards ou André Almeida?

Nós temos de fazer as contas todos os dias. Depois há perspetivas de futuro, mas não podemos contar com elas no dia a dia. Não são elas que nos vão ajudar a fazer os pagamentos a fornecedores. E temos tantos fornecedores aqui na cidade, que ao longo do tempo permitem ao Vitória continuar a existir. O mais importante é sabermos o que é efetivo para podermos pagar as nossas contas.

Temos percentagens de jogadores e temos plantéis interessantes aqui no Vitória, , na equipa A, na equipa B e nos sub-19.

Do Marcus Edwards temos 10% da parte do Tottenham e sobre a mais-valia. É evidente que o Vitória é um clube grande, que forma, que tem jogadores espalhados por todo o mundo e temos de estar atentos a todas as movimentações, porque temos de acautelar os nossos interesses.

Ficou feliz por manter André André?

É importante que os símbolos estejam connosco e o André André é um deles. Sabemos da experiência que o André André tem, do peso que tem no balneário. Ele é alguém que comunica e transmite os valores do Vitória.

É também alguém que tem o seu peso político dentro de campo, mesmo com os árbitros, é muito respeitado e isso é importante. Depois, fico contente porque todos os sócios gostam do André André e todos queremos que ele esteja connosco. Enquanto for possível, é uma felicidade que ele possa estar dentro do grupo.

Toda a sua ação é altamente escrutinada, o Vitória é um clube com muitos adeptos, com uma grande massa crítica. Entrou de uma forma assertiva e tem tomado algumas decisões que podem gerar alguma contestação. Sente-se incompreendido, por vezes?

Todos nos sentimos incompreendidos, desde o início da nossa vida, em que começámos a pensar de uma determinada forma.

Há algo que não posso esconder: desde pequenino que sempre esteve presente em mim que um dia podia chegar a presidente do Vitória, porque gosto muito do clube e de desporto. Ao vir para o Vitória acho que posso fazer o bem ao clube e percebi, a determinada altura da minha vida, que isto era possível.

Eu vim para trabalhar e defender aquilo em que acredito. Acredito no bem, em sermos sérios, transparentes e fazermos tudo para que o clube possa crescer.

Admito que por vezes seja incompreendido, que exista a crítica fácil, porque as pessoas criticam por criticar, o que acontece de forma normal. Não deixam de ser sócios do Vitória e de estar felizes quando a bola entra, portanto, temos de os compreender.

Existe a crítica construtiva, existem as pessoas que não entendem o que estamos a fazer, o que é normal. Até eu, quando estou como adepto, estou preocupado é que a bola entra e não com as contas do clube. Se gostamos de futebol não é para fazer contas e para estar em casa a pensar no passivo, o que queremos é que o clube ganhe. Tenho de entender isso e acho que é normal.

Estando aqui dentro, com a responsabilidade que temos, temos de fazer tudo para que o Vitória seja digno. Enquanto estivermos aqui temos de fazer tudo para que os salários sejam pagos.

O António Miguel Cardoso, como presidente do Vitória, tem também uma responsabilidade no futebol nacional. Que comentário lhe merece os episódios recentes de uma criança sem camisola numa bcnada e de adeptos insultados. Há regulamentos que têm de ser alterados ou, por outro lado, mantendo-se os regulamento haverá outras vias para solucionar o problema?

Todos nós gostaríamos de ver um estádio com pessoas dos dois clubes na mesma bancada , cada um a defender o seu clube. Isso seria o cenário ideal numa sociedade.

Neste momento isto é utópico. A paixão por trás de futebol, a forma como a nossa sociedade está organizada, não permite que exista essa festa do futebol, como existe no râguebi ou noutras modalidades.

Da forma como está parece-me a solução mais pacífica e equilibrada. É evidente que há situações de que não gostamos, mas têm de existir regras. Os estádios têm de ter, nesta fase, zonas para os adeptos da equipa A e da equipa B, não há hipótese de fazer outra gestão. Há algumas campanhas que tentam desvirtuar a realidade, mas, efetivamente, não temos uma sociedade preparada para que exista comunhão dos adeptos na mesma bancada.

Até agora tudo tem sido feito para que exista segurança nos estádios. Agora, é evidente que ninguém gosta de ver, é surreal ver uma criança a ser insultada por outros adeptos, não pode acontecer. Mas não me parece que sejam as regras existentes que façam com que isso aconteça. Muitas vezes é a formação das pessoas e é isso que tem de mudar.

Falou-me há pouco que vai ter de esperar três anos pelo novo contrato de direitos de transmissão dos jogos e o paradigma vai mudar em Portugal. A centralização dos direitos televisivos é a grande solução para o problema da falta de competitividade, ou é um passo nessa direção?

Nós temos de competir com as regras mais justas entre todos. Vemos os adeptos dos três ditos grandes, ou comentadores, dizerem que os orçamentos deles são inferiores ao dos outros clubes na Liga dos Campeões e são comparados. É importante eles também perceberem que temos clubes mais pequenos, com receitas muito inferiores, a nível nacional, e depois são obrigados a competir com os tais três grandes.

Uma das formas de equilibrar é através da centralização dos direitos televisivos, para que as receitas sejam distribuídas de uma forma muito mais equilibrada - o que é feito no resto da Europa. A diferença em Portugal é exagerada e é importante que esse equilíbrio seja feito. Tudo estamos a fazer para que essa centralização possa criar um campeonato muito mais equilibrado.

São 100 anos de história e o António Miguel Cardoso sente a responsabilidade de ser presidente numa altura como esta. Que mensagem deixa aos adeptos? O que é que lhes pode garantir?

O Vitória é um clube eclético, que representa uma região e é um clube que tem várias modalidades. O Vitória não é só futebol. E, digo-lhe, que gostaria de chegar um dia ao ponto em que o Vitória, com as contas equilibradas, consiga encaminhar as quotas dos sócios para as modalidades. Acho que é assim que tem de ser, porque isso é que uma verdadeira cultura de clube.

Neste momento isso não é possível fazer, porque as contas do Vitória não estão bem e tudo é receita, tudo é importante para que o Vitória possa estar mais equilibrado.

Aquilo que posso prometer, em todas as modalidades, do futebol ao polo aquático, em que temos sido campeões, é que vamos estar unidos, ter garra, ter uma cultura desportiva que nos vai permitir em cada duelo sermos mais fortes. Isso é o mais importante.

A partir daí, a consequência natural será termos mais vitórias e chegarmos a títulos. Isso eu consigo prometer [que vamos lutar]. Acredito que vamos ter sucesso num futuro próximo, mas, obviamente, não o posso prometer, porque, seja no futebol ou noutra modalidade, as bolas são redondas.

A união, a força e o apoio são importantes. Em ano de centenário é altura de os sócios e os simpatizantes, que possam vir a tornar-se sócios, estarem connosco. Que também nos possam criticar, mas que possamos estar unidos nestas guerras que são importantíssimas numa fase de mudança de paradigma.

É uma altura em que temos de pensar verdadeiramente diferente. Temos de pensar menos no interesse pessoal e têm de existir menos egos, menos vaidades. Importante é que as pessoas pensem no clube, valorizem o clube. Nós estamos aqui de passagem e importante é que o Vitória possa continuar a crescer. Quem dirige, ou está à volta, pouco importante é, comparado com o tamanho deste clube.