Altice não fecha a porta a mais despedimentos e ameaça sair do país
22-06-2021 - 21:59
 • Sandra Afonso

Empresa confirmou o despedimento colectivo de quase 300 trabalhadores, que se segue às saídas por mútuo acordo que abrangeram outros 1.100 funcionários.

Antes mesmo de justificar o despedimento coletivo, a administração da Altice anunciou esta terça-feira aos trabalhadores que ainda fica com 800 a 900 funcionários que considera dispensáveis, segundo informação que a Renascença conseguiu apurar.

Ou seja, deixa a porta aberta a mais saídas, para além dos 1100 que deixaram a empresa por mútuo acordo e dos 300 que agora vão ser despedidos.

Na reunião, com o sindicato dos trabalhadores do grupo Altice, foi explicado que os despedimentos têm a vantagem de ter associado o subsídio de desemprego. Além disso, abrange equipas de trabalho e não são saídas isoladas.

A empresa defende que não tem alternativa, face aos desacordos com a ANACOM, a multa da Autoridade da Concorrência e o silêncio da tutela. Se nada mudar, admite mesmo “repensar a continuidade do grupo em Portugal”, segundo fonte próxima do processo à Renascença. No entanto, afastam neste momento a possibilidade de venda.

Apesar destas dificuldades, a empresa diz estar disponível para negociar um aumento generalizado dos salários, a partir de 2022 (o que não acontecia desde 2018).

À Renascença, o sindicato sublinha o lado dramático da redução dos postos de trabalho e diz que não vai aceitar de forma passiva esta decisão. As seis maiores estruturas sindicais ligadas à Altice já têm reunião marcada, para esta quarta feira, para decidir os próximos passos.

Esta terça-feira, a empresa anunciou que seriam despedidos 300 trabalhadores no processo de despedimento coletivo.

A administração da Altice lamenta a "decisão difícil, mas que se afigura como indispensável, essencialmente devido ao contexto muito adverso que se vive no setor das comunicações eletrónicas"

A Altice queixa-se ainda do "ambiente regulatório hostil, a falta de visão estratégica do país, o contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G, bem como a má gestão deste dossier, e ainda as múltiplas decisões unilaterais graves da ANACOM e de outras autoridades, sempre com a cobertura da tutela, e que ao longo dos últimos quatro anos destruíram significativamente valor".

Em paralelo ao processo de despedimento coletivo, o presidente executivo da Altice Portugal "anunciou internamente que está a ser considerado um aumento salarial na empresa, de forma transversal, a incluir na revisão do Acordo Coletivo de Trabalho".