​Portugal e os imigrantes
13-11-2019 - 06:44

A falta de trabalhadores está a tornar-se num empecilho ao crescimento económico português. Mais uma razão para acolher bem os imigrantes.

É sabido que um dos principais obstáculos que as empresas hoje defrontam em Portugal é a falta de pessoas para trabalharem. Será menos mau do que haver um grande número de desempregados, mas não deixa de ser um travão ao crescimento económico do país.

A imigração pode responder, em parte, à carência de mão-de-obra nacional. O que seria da construção civil, da agricultura, de serviços como a restauração e a hotelaria, de várias indústrias, ou até de pequenas empresas, como mercearias, sem a contribuição dos imigrantes…

O Governo diz-se consciente do problema. O ministro da Administração Interna (que continua no cargo) disse em junho que Portugal precisa de entre 50 a 75 mil novos residentes estrangeiros por ano. Ora em 2018 terão entrado no país cerca de 93 mil imigrantes. E até ao fim de outubro deste ano já tinham entrado 111 mil novos imigrantes, uma tendência de aumento de 18%.

Não creio que a hostilidade à imigração, tão viva em vários países europeus, nos Estados Unidos e na Austrália, tenha condições de se afirmar entre nós, mesmo se a tendência para o crescimento da entrada de estrangeiros se mantiver. Repare-se que o partido Chega, de extrema direita, se focou em hostilizar ciganos, a maioria dos quais vive em Portugal há muito.

Importa, porém, um maior esforço de integração dos imigrantes na sociedade portuguesa. Por exemplo, não é aceitável alojar em contentores centenas de indianos e outros asiáticos que trabalham em estufas na zona de Odemira – como Helena Roseta lembrou recentemente (“Público” de 7 do corrente mês).

Também é imperioso que os imigrantes sejam bem recebidos no labirinto burocrático nacional. Não podem continuar a formar-se longas filas, logo de madrugada, para quem quer legalizar-se em Portugal. A responsabilidade não é dos funcionários – é da falta deles.

Durante séculos, fomos um país de emigração, que ainda hoje existe. Em 2018 Portugal foi o país da UE que mais dinheiro recebeu dos seus emigrantes – 3 604 milhões de euros. É um motivo adicional para tratarmos bem os que vêm para cá trabalhar.