Área ardida na serra da Estrela já ultrapassa os 17 mil hectares
12-08-2022 - 23:21
 • Lusa

Em causa está uma área de parque natural, classificada, mas, segundo a Unesco, “nada indica que o geoparque da Estrela perca tal classificação apenas por motivos relacionados com um fogo florestal”.

Mais de 17 mil hectares já arderam até esta noite no incêndio que lavra desde sábado na serra da Estrela e que já atingiu os distritos de Castelo Branco e da Guarda, segundo o sistema de vigilância europeu Copernicus.

Segundo os dados disponíveis às 21h50, a área ardida neste fogo é de 17.179 hectares.

Esta sexta-feira, pelas 15h30, estavam já contabilizados mais de 16 mil hectares de área ardida.

Esta noite, segundo os dados disponíveis no 'site' da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil às 21h50, estavam a combater as chamas 1.620 operacionais, apoiados por 460 viaturas.

O incêndio deflagrou na madrugada do dia 06 em Garrocho, no concelho da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, e as chamas estenderam-se depois ao distrito da Guarda, nos municípios de Manteigas, Gouveia, Guarda e Celorico da Beira.

Em causa está uma área de parque natural, classificada, mas, segundo uma resposta enviada hoje à Lusa pela Comissão Nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), “nada indica que o geoparque da Estrela perca tal classificação apenas por motivos relacionados com um fogo florestal”.

O Estrela Geopark, classificado pela Unesco em 2020, inclui parte ou a totalidade dos nove municípios que se estruturam em torno da serra da Estrela (Belmonte, Celorico da Beira, Covilhã, Fornos de Algodres, Gouveia, Guarda, Manteigas, Oliveira do Hospital e Seia), segundo o seu sítio na Internet. Tem uma área de 2.216 quilómetros quadrados.

Num ‘briefing’ realizado pelas 19h00, a Proteção Civil admitiu que o fogo “está estabilizado”, mas “não ainda dominado”.

Também ao final da tarde, o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, considerou que o incêndio que deflagrou no sábado em Garrocho “é uma tragédia do ponto de vista do ambiente, da biodiversidade e do património ambiental”.

“Recordo como foi dito por um grande especialista da universidade de Coimbra [Miguel Almeida, investigador da Universidade de Coimbra], que estão conjugados todos os fatores críticos”, salientou.

José Luís Carneiro apontou as condições meteorológicas, a seca extrema, a massa floresta que desde 2003/2004 se foi acumulando e “a não existência de acessos ao interior da floresta” como um “contexto de grande complexidade”.

Esta manhã, o primeiro-ministro, António Costa, defendeu que, quando o incêndio da serra da Estrela terminar, deve ser estudado “em pormenor” o que poderia ter sido eventualmente feito para evitar que o fogo ganhasse a escala que acabou por adquirir.

O vento e a orografia têm sido as principais preocupações no combate às chamas, durante o qual, na quinta-feira, o capotamento de um veículo provocou cinco feridos, três deles com maior gravidade.

Segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), dos cinco feridos já “só um se encontra hospitalizado em Viseu”.