O campeonato arranca hoje. Conheça os reforços, as saídas e as previsões de mais uma temporada
05-08-2022 - 08:00
 • Eduardo Soares da Silva

Benfica-Arouca é o jogo em que será dado o pontapé de saída de uma nova temporada, em que o FC Porto defende o título contra um Benfica renovado e um Sporting de continuidade. Conheça as previsões dos comentadores José Nuno Azevedo, Nandinho e Nuno Presume.

A I Liga portuguesa arranca esta sexta-feira. Depois de mais uma pré-época com muitas mudanças nas equipas, a bola volta a rolar nos relvados portugueses, com os mesmos protagonistas na luta pelo título.

O FC Porto defende o 30.º título de campeão nacional, conquistado na época passada, enquanto o Sporting dá continuidade ao projeto de Rúben Amorim. Já o Benfica decidiu mudar o rumo. O alemão Roger Schmidt é o novo treinador e o responsável por voltar colocar as águias na rota dos títulos.

José Nuno Azevedo, comentador da Renascença, acredita que os três partem de um ponto de igualdade.

"Penso que todos têm condições para vencer. A norma diz que o campeão parte à frente, mas não sou muito apologista desta ideia. Na teoria, o Porto perdeu peças importantes, mas continua forte e começou a ganhar. Entre os três, podemos ter um campeonato muito forte. Desejava que fossem mais, que o Braga possa estar nesse lote", começa por dizer.

Nuno Presume e Nandinho, treinadores e comentadores Bola Branca para esta temporada, concordam com a teoria: o campeão é o favorito.

"Os favoritos são sempre os mesmos, mas há sempre um que parte em vantagem. O campeão é sempre o favorito, não só pelo que fez, mas porque o Porto mantém a base. Parte como favorito, mas Benfica e Sporting estão lado a lado. Qualquer uma pode ser campeã", diz Nandinho.

Num olhar mais abrangente, Nuno Presume acredita que o Porto parte em ligeira vantagem, apesar das baixas. No Sporting, há uma grande incógnita a resolver.

"Os candidatos são e serão sempre os mesmos três, infelizmente para o futebol português. Não posso apontar um favorito, mas julgo que o Porto parte em vantagem, mesmo tendo perdido Mbemba, Vitinha e Fábio Vieira. Sérgio Conceição já mostrou que tem uma capacidade de regeneração que coloca a equipa num patamar muito elevado. O Sporting está muito bem preparado, apesar do enorme revés, que é a lesão António Adán, pelo grau de dificuldade do início do campenato. O Benfica é uma equipa reformulada nas suas dinâmicas, com um futebol ofensivo muito apelativo, mas ainda com problemas defensivos. Serão os candidatos, mas o Porto parte ligeiramente à frente", acredita.

José Nuno Azevedo acredita que o título será "decidido nos detalhes" e espera um Benfica que lute pelo título "de forma clara", o que não aconteceu nas últimas duas temporadas.

"Olho com satisfação para o Benfica, porque acredito que poderemos ter um competidor mais presente do que na época passada. O Benfica está a dar uma imagem muito superior à das últimas temporadas. A comprovar-se, poderá ser um candidato claro. Mas como disse, veremos o que o mercado vai dar e o início de época é o início de época, veremos com o início da competição", diz.

O Sporting manteve a estrutura e a saída de Sarabia foi planeada com tempo, observa o comentador da Renascença. A incógnita está na defesa.

"[Sarabia] Foi uma peça muito importante no Sporting, mas as contratações a meio da época passada e neste mercado podem claramente esconder a ausência. É a terceira época iniciada por Rúben Amorim e o plantel está por dentro da ideia do treinador. A dúvida é o setor recuado. O que teremos de St. Juste e a lesão de Adán. Foi um dos esteios e não começar o campeonato poderá ter o seu peso. Veremos que resposta dará Franco Israel", afirma.

Braga quer encurtar distâncias, mas vai conseguir?

Nandinho considera o Braga uma equipa que "aparece numa segunda linha", mas que é "a única" que pode surpreender e competir com os três grandes.

Já Nuno Presume é mais cético e acredita que será um ano de aposta nos jovens da formação e consolidação do projeto formador. Por isso, encurtar distâncias ficará para o futuro.

"Não me parece que será este o ano em que o Braga encurte as distâncias. Lançaram uma grande quantidade de jovens e a aposta em Artur Jorge é nessa lógica, na continuidade dos jovens. Rodrigo Gomes e Vitinha podem jogar com muita regularidade, há ainda Álvaro Djaló e Gorby. São jogadores muitos jovens e há interesse claro do presidente em lançá-los. É um ano para o Braga revelar jovens de grande qualidade, não me parece que seja um para competir com os três grandes", atira.

José Nuno Azevedo foi capitão do Sporting de Braga e é o jogador com mais jogos disputados pelo clube na I Liga. O comentador Bola Branca destaca que o Braga apenas perdeu um titular, mas continua atrás de Porto, Benfica e Sporting.

"O desejo é esse [encurtar distância], mas é difícil analisar porque o mercado não fechou. Ao dia de hoje, o Braga pode consolidar uma posição, porque perdeu 'apenas' o David Carmo dos titulares. Se não perder mais ninguém, pode consolidar a sua posição e aproximar-se, porque ficou muito longe dos três, até demasiado longe dos dois primeiros. O objetivo é encostar, mas os três continuam um pouco à frente da qualidade e capacidade do Braga", atira.

Quem é o próximo Gil?

Questionado sobre quem pode ser "o Gil Vicente", a equipa revelação desta temporada, e lutar por um lugar europeu, os três comentadores concordam que, dentro da imprevisibilidade, o Vitória de Guimarães é um crónico candidato.

"O Vitória vai andar sempre na luta pelos lugares europeus, não sei se este ano terá equipa para repetir o que fez o ano passado. Com os jogadores que saíram, a equipa ficou mais enfraquecida. Vamos ver como aparece o Famalicão, que fez uma grande época há dois anos. Estoril fez uma boa primeira volta e depois caiu. É difícil de prever quem vai andar a 'chatear' e a procurar os lugares europeus. Poderá também ser o Portimonense, ou até o Gil Vicente. Vamos ver como se porta na Europa, porque pode sofrer as consequências", diz Nandinho.

Zé Nuno Azevedo lamenta a falta de competitividade do campeonato e destaca a diferença pontual que existe dos três grandes para os restantes.

"É difícil apontar um clube que possa claramente ser uma surpresa. Queria acreditar que fosse possível ter menos diferença entre as equipas, que o campeonato pudesse ter uma qualidade maior do sexto para baixo. As diferenças são muito grandes. Desejo mais Gil Vicentes, mais equipas competitivas e a conseguir posições na tabela que não conseguiram no passado, mas é só olhar para a diferença pontual do Vitória, que ficou com a última vaga europeia, para o campeão. É gritante", termina.

O campeonato arranca esta sexta-feira, com o Benfica-Arouca, e termina apenas no final de maio, numa época que terá uma longa pausa em dezembro para o Mundial do Qatar.