StayAway Covid condenada? "Um erro" que está a "custar caro", diz matemático
01-07-2021 - 22:19
 • Lusa

No Parlamento, Jorge Buescu salientou que estas aplicações são utilizadas noutros países europeus “sem problemas nenhuns de privacidade” e são a única forma de fazer rastreio.

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O investigador e matemático Jorge Buescu considera que ter-se “condenado publicamente” a aplicação Stayaway Covid foi um erro que neste momento está a “custar caro”.

“Eu tenho imensa pena que a ‘app’ Stayaway Covid tenha sido destruída pela opinião pública da forma absurda que foi”, lamentou o matemático na Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à Covid-19, onde foi ouvido com outros especialistas sobre a evolução da pandemia, a pedido do PSD.

Jorge Buescu salientou que estas aplicações são utilizadas noutros países europeus “sem problemas nenhuns de privacidade” e são a única forma de fazer rastreio.

“Nós dizemos que testar e rastrear são essenciais [mas], não há forma de fazer rastreio, por exemplo, nos transportes públicos ou nos eventos públicos como as festas do Sporting ou jogos de futebol. Sem a ‘app’ é impossível saber quem esteve ao pé de nós”, elucidou.

Portanto - criticou - “termos condenado publicamente esta ‘app’ à insignificância foi um erro e um erro que nos que nos está neste momento a custar caro”.

O professor do Departamento de Matemática da Ciências ULisboa, é vice-presidente da European Mathematical Society (EMS) disse ainda acreditar que, com a Stayaway covid, “as coisas talvez pudessem ser um pouco diferentes”.

“Seguramente nos eventos de supertransmissão seriam diferentes”, rematou.

Também ouvido na comissão, Henrique Silveira, professor e membro do grupo de trabalho oficial do Instituto Superior Técnico (IST) para análise da pandemia, defendeu a necessidade de desenvolver um sistema de base de dados “muito eficaz”.

Em resposta a questões dos deputados, Henrique Silveira afirmou que este era “o grande desafio”, implementar um sistema de informação de bases de dados” muito eficaz, muito rápido” na Direção-Geral da Saúde e no Instituto de Saúde Ricardo Jorge.

“Nós não podemos trabalhar contra uma pandemia com meios informáticos do final do século XX. Nós temos que ter meios informáticos mais sofisticados, mais rápidos para estarmos em cima do vírus e isso as universidades podiam ter ajudado”, advogou,

Para Henrique Silveira, não era preciso pedir a consultores externos porque as universidades portuguesas estariam abertas a colaborar com as autoridades públicas.

“Também somos serviço público. Poderíamos ter ajudado nessa questão que não foi muito desenvolvida e, portanto, eu penso que os serviços de informação ao nível da saúde poderiam ter sido muito melhorados e isso teria dado uma ajuda muito para as equipas de saúde pública” e para o combate à pandemia.