Até as mais pequenas e duramente perseguidas comunidades cristãs têm algo a ensinar aos restantes, disse este sábado o Papa Francisco.
O Papa discursou no final de um encontro ecuménico, com o qual se assinalou o fecho do oitavário da oração pela unidade dos cristãos, em Roma, com a presença de líderes de outras comunidades cristãs na cidade.
Partindo da história do naufrágio de São Paulo, que serviu de mote para o oitavário deste ano, Francisco recordou como o apóstolo, que viajava como prisioneiro, conseguiu encorajar os restantes marinheiros, incluindo os soldados a bordo do navio, garantindo que todos se iriam salvar.
É a prova, disse Francisco, de que até os mais pequenos e fracos têm algo a ensinar aos demais. “Pensemos nas comunidades cristãs. Até as mais pequenas e menos significantes, aos olhos do mundo, se fizerem a experiência do Espírito Santo e se forem animados pelo amor por Deus e pelo próximo, têm uma mensagem a oferecer a toda a família cristã”.
“Tal como no relato do naufrágio de São Paulo, muitas vezes são os mais fracos que trazem a mais importante mensagem de salvação. Foi isto que agradou a Deus: salvar-nos, não com o poder do mundo, mas com a fraqueza da cruz.”
Para o Papa Francisco, os discípulos de Cristo devem ter cuidado para não serem atraídos pela lógica do mundo, mas antes escutar os pequenos e os fracos, “porque Deus envia as suas mensagens através daqueles que mais se assemelham ao seu Filho feito homem”.
Outro aspeto que o relato dos Evangelhos ensina ao movimento ecuménico é que “a prioridade de Deus é a salvação de todos”.
“É um convite a não nos dedicarmos em exclusivo às nossas próprias comunidades, mas a abrir-nos ao bem comum, ao olhar universal de Deus que encarnou para poder abraçar toda a raça humana e que morreu e ressuscitou para a salvação de todos. Se nós, com a sua graça, conseguirmos assimilar a sua forma de ver as coisas, podemos ultrapassar as nossas divisões”, afirmou Francisco.
“Também entre os cristãos cada comunidade tem algo a dar aos outros. Quanto mais olharmos para além dos nossos interesses sectários e ultrapassarmos os legados do passado, no desejo de caminhar em frente rumo a um porto comum, mais rapidamente reconheceremos, acolheremos e partilharemos estes dons”, concluiu.