​“Assistente operacional é pau para toda a colher”
12-09-2018 - 21:08
 • Liliana Carona

Maria das Dores é assistente operacional na escola EB1 de Melo, no concelho de Gouveia. No arranque de mais um ano letivo, considera que a sua profissão não é valorizada.

Dores Perfeito, 48 anos, conhecida por Maria das Dores, é assistente operacional na escola EB1 de Melo. Tem a responsabilidade de cuidar de 10 crianças (jardim de infância e primária), na terra do escritor Vergílio Ferreira, no concelho de Gouveia.

Não queria ter outra profissão, ama o que faz e a entrega é diária de corpo e alma. Há quase 30 anos que é assistente operacional, apesar de admitir que a profissão é desvalorizada.

“Já faz 24 anos que estou na aldeia de Vergílio Ferreira em Melo, com muito orgulho”, apressa-se a abrir a porta da escola com alegria indisfarçável no rosto. Dores Perfeito acorda às 6h30 da manhã. “Ver da bicharada primeiro, preparar a minha filha mais nova e depois venho trabalhar com muito gosto”, assume.

A escola já tem mais de 40 anos, “aqui as crianças são muito bem tratadas e zelamos pelo bem-estar físico e psicológico das crianças”, garante Dores Prefeito que falou à Renascença sobre a profissão de assistente operacional.

“Uma assistente operacional é pau para toda a colher, mas principalmente para dar amor e apoio às crianças, temos que demonstrar os bons modelos e transmitir comportamentos e valores assertivos, para que tenham uma personalidade forte de respeito e solidariedade”, sublinha, acrescentando que o objetivo é “que triunfem no futuro.”

Mas o que faz na prática uma assistente operacional? “Temos que receber os meninos e encaminhá-los para as respetivas salas e dar apoio contínuo, desde fotocópias, ir à casa de banho com os meninos, ver se estão tristes, temos que estar sempre atentos para salvaguardar qualquer ocorrência, é a todo o segundo, nós somos um anjo protetor em todos os momentos”, defende a assistente operacional de 48 anos, a trabalhar quase há 30 na área.

Quanto à designação, Maria das Dores afirma que a passagem “de contínua para assistente operacional, não trouxe nenhuma alteração a não ser no nome, está tudo congelado. O meu salário é assim uma coisinha. Está em 500 e poucos euros. Não nos dão o justo valor ao que fazemos durante o dia. Somos polivalentes, desde o apoio às professoras e às crianças passando pelas limpezas”, descreve.

As histórias para contar são tantas que diz Maria das Prefeito que se fosse contar as histórias todas, fazia um best-seller. A escola de Melo é um circo, mas na positiva. Portanto tragam crianças para aqui, porque eu não quero sair de cá”, alerta.

“Ser assistente operacional é manter a chama da vida acesa. Agora cada um interprete à sua maneira, mas de forma positiva”, diz a assistente operacional com um sorriso no rosto.