Hong Kong prepara-se para gastar 70 mil milhões de euros, aproximadamente o mesmo que Portugal pediu à troika em 2011 - sem contar os juros - para construir uma das maiores ilhas artificiais do mundo e, dessa forma, responder ao problema da escassez de habitação no centro da cidade.
As obras começam em 2025. 260 mil novas casas vão ser construídas, 70% das quais vão ser habitações sociais, distribuídas por cerca de 10 mil quilómetros quadrados, que correspondem ao triplo da área do Central Park de Nova Iorque.
Hong Kong é uma das cidades mais caras do mundo, onde o preço dos imóveis pode ser até 20 vezes superior aos rendimentos médios dos cidadãos. Um metro quadrado para habitação pode custar mais de 170 mil euros.
Só que, na verdade, chega a ser mais caro morrer do que viver em Hong Kong. Li no jornal The Guardian que o espaço para uma urna num cemitério pode custar mais de 200 mil euros.
É demasiado caro, para um território tão reduzido. É demasiado caro para dar a última morada aos mortos. Hong Kong começa a não ter espaço para sepulturas.
A terra é tão escassa que 90% das 48.000 pessoas que morrem, em média, todos os anos são cremadas.
Mas isso levanta outro problema: está a ser cada vez mais difícil encontrar espaço para armazenar mais e mais cinzas.
Há quem defenda que o governo poderia encorajar as pessoas a guardar as cinzas dos seus entes queridos em casa. Mas isso vai contra a tradição local.
Muitos habitantes de Hong Kong dizem sentir-se pouco confortáveis com a ideia de terem os seus mortos ali mesmo em casa, dentro de um depósito de cinzas a decorar a sala lá de casa.