Natação. Susana Veiga e David Grachat falham apuramento para as finais
25-08-2021 - 10:11
 • Renascença com Lusa

Os nadadores foram os únicos portugueses em prova no primeiro dos Jogos Paralímpicos de Tóquio.

Susana Veiga, nos 50 metros livres, e David Grachat, nos 400 metros livres, não alcançaram o apuramento para as respetivas finais nos Jogos Paralímpicos, esta quarta-feira.

Susana Veiga, que se estreou em competições paralímpicas, nadou em 29,61 segundos, ficando bem longe da sua melhor marca (28,85s), fixada em maio nos Europeus, disputados no Funchal.

Susana Veiga, que tem um encurtamento do fémur e falta de mobilidade na perna direita, é campeã europeia e vice-campeã mundial dos 50 metros livres S9, mas competiu na classe S10, com atletas com menor grau de deficiência, porque nos Jogos Paralímpicos não existe a prova da sua categoria.

Susana Veiga afirmou ter acusado “alguma pressão” nas eliminatórias dos 50 metros livres S10, nas quais conseguiu o 12.º tempo, ficando a quase um segundo do recorde pessoal e nacional.

“Comecei com o pé errado, acusei alguma pressão. Sinto que poderia ter sido muito melhor”, afirmou no final da prova, que nadou em 29,61 segundos e marcou a estreia em competições paralímpicas.

A nadadora disse “estar triste, porque podia ter feito melhor”, mas admitiu saber à partida que garantir um lugar na final, para a qual a chinesa Meng Zhang partiu com o oitavo tempo (28,93) e Anastasiia Gontar, do Comité Paralímpico da Rússia (RPC), com o melhor (27,48), ia ser difícil.

“Sabia que ir à final era difícil. O meu objetivo era o tempo e fiquei longe do meu recorde, de 28,85, que conseguiu nos Europeus, na Madeira”, afirmou a nadadora, de 21 anos.

A nadadora, do Clube de Natação Colégio Vasco da Gama, garantiu estar a viver “um sonho” com a presença nos Jogos Paralímpicos Tóquio2020, mas assumiu estar a viver “alguma pressão”.

“Sinto que estou a viver numa Disney em versão desporto, estou a tentar aproveitar isto ao máximo. Mas, se calhar, a nível psicológico não estou a 100% para estar aqui”, disse.

Após a prestação “menos conseguida” nos 50 metros livres S10, Susana Veiga vai apontar agora o foco para a prova dos 100 metros livres S9, que vai disputar na terça-feira.

“É preciso esquecer esta prova e olhar para a frente”, afirmou a nadadora, lembrando que os bons resultados conseguidos esta época, durante a qual conquistou duas medalhas nos Europeus, disputados em maio, no Funchal.

“A época foi extraordinária e, se calhar, agora estou a lidar com a pressão”, disse a nadadora, que é vice-campeã europeia dos 100 metros livres S9.

David Grachat deu "tudo o que tinha"

Grachat, que soma nos Jogos Tóquio 2020 a quarta participação em competições paralímpicas, ficou abaixo da marca com a qual partiu para a eliminatória, fixada em 4.24,07.

O mais rápido das eliminatórias foi o australiano Alexander Tuckfield, que nadou a distância em 4.14,26 minutos, tendo o recordista mundial da distância, Brenden Hall, também da Austrália, conseguido o quarto tempo (4.19,30).

“Dei o que tinha e o que não tinha, mas não consegui apurar-me, sabia que era muito difícil. Nos últimos 50 metros não tive capacidade de arrancar”, disse o nadador no final da prova, que concluiu com a marca de 4.27,96, a 10.ª melhor do conjunto das duas eliminatórias.

David Grachat, de 34 anos, admitiu saber à partida “que ia ser muito difícil” conseguir um resultado na final, agendada para a tarde e para a qual o australiano Alexander Tuckfield, que nadou a distância em 4.14,26 minutos, parte com o melhor tempo.

“Cheguei aqui com o 11.º tempo do ‘ranking’ mundial, sabia que ia ser muito complicado”, afirmou o nadador, que em 2017 foi vice-campeão mundial da distância, depois de ter sido sexto classificado nos Jogos Londres 2012 e oitavo no Rio de Janeiro, em 2016.

Grachat, o único dos seis nadadores que representam Portugal em Tóquio 2020 com experiência em Jogos Paralímpicos, mostrou-se orgulhoso com o rejuvenescimento da equipa e admitiu que “gostaria de ter conseguido um resultado melhor pelos mais novos”.

“A equipa é muito jovem, eu sou o veterano. Fico triste por não ter conseguido um bom resultado, também por eles, porque acho que mereciam ver-me chegar à final”, referiu.

Habituado a competições paralímpicas, o nadador considerou que os Jogos Tóquio2020, afetados pela pandemia de covid-19, “são diferentes a todos os níveis” e lamentou a ausência de público nas competições: “É uma sensação agridoce ver a piscina vazia”.

Portugal está representado nos Jogos Paralímpicos Tóquio 2020 por 33 atletas, de oito modalidades, entre os quais seis nadadores.