O antigo presidente do Sporting José Roquette considera que a venda da maioria do capital da SAD a um bom investidor será a melhor solução, numa altura em que o clube atravessa nova crise desportiva e financeira.
"Penso que seria uma boa solução mas vender a maioria do capital levanta questões que são transversais e que podem trazer alguma turbulência. Se realmente se pretende que o Sporting tenha uma perspetiva internacional e que, a esse nível, possa marcar o desporto de alguma forma, isso é praticamente inexorável. Somos um país pequeno e o nível de acionistas e de adeptos é aquele que se conhece. Portanto tem de se encontrar quem de fora queira investir neste sector, até porque é um sector que assegura investimentos com retorno", diz o antigo presidente do Sporting, em entrevista a Bola Branca.
Face à eliminação da Taça da Liga e o aumentar da contestação ao atual presidente, Frederico Varandas, e com o ataque a Alcochete ainda fresco na memória, José Roquette pede paciência aos adeptos e deixa o aviso: vai demorar tempo para o Sporting voltar a lutar por títulos:
"O Sporting passou por um problema único na história das instituições desportivas do nosso país e isso não se resolve do dia para a noite. Ainda estamos a viver as sequelas do que aconteceu em Alcochete. Tenho que temperar a minha ambição de sportinguista relativamente àquilo que pode acontecer no decorrer desta época, visto que não se fazem milagres nestas circunstâncias. É preciso perceber que absorver o impacto daquilo que aconteceu em Alcochete vai demorar tempo. Contudo, estou confiante que o Sporting vai ultrapassar o que aconteceu há dois anos."
Quanto ao futuro de Jorge Silas, Roquette não emite opinião. Em todo o caso, lembra que, se o treinador quiser, pode ir embora. "Ninguém pode obrigar o Silas a ficar no Sporting se ele não quiser", sublinha.
Ao lado de Varandas na questão das claques
José Roquette também aborda o debate sobre as claques. Neste tema, o antigo presidente do Sporting coloca-se ao lado das medidas implementadas pela direção liderada por Frederico Varandas.
"Estou absolutamente de acordo com as medidas tomadas pelo presidente quanto às claques. Não haja dúvidas de que o que é preciso é manter essa perspetiva saudável que foi aberta. No meu tempo como presidente do Sporting, tive problemas parecidos, mas tratei-os como devem ser tratados. Acima de tudo, estão o Sporting Clube de Portugal, o prestígio e a história do clube", assinala o antigo líder leonino.
As claques e ataques pirotécnicos são um tema que o Governo não está a encarar da melhor forma, no entender de José Roquette:
"Toda a gente sabe que as tochas e outros artefactos agressivos vão nos paus das bandeiras, isso é do conhecimento comum. Agora, o que é preciso é começar a identificar as pessoas. Se for identificado segunda vez a fazer o mesmo, é proibido de entrar nos estádios. É isso que se faz lá fora e era o que devia acontecer em Portugal, mas, pelos vistos, o nosso governo não assume a parte que devia ter nesta questão."