Aranda da Silva. Hospital Militar "falha" nos cuidados a militares no activo
05-01-2017 - 20:00
 • Ana Rodrigues

"Estamos a ver que também na saúde operacional há falhas e isso é que é preocupante. Aí não pode haver mesmo falhas”, afirma o antigo director do Laboratório Militar em declarações à Renascença.

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O caso dos Comandos mostra a existência de “falhas” no Hospital das Forças Armadas (HFAR) na prestação de cuidados de saúde a militares no activo, defende o coronel Aranda da Silva em declarações à Renascença.

As queixas de familiares e reformados que recorrem ao HFAR já eram conhecidas, mas “hoje estamos a ver que também na saúde operacional há falhas e isso é preocupante”, sublinha o antigo presidente do Infarmed e ex-director do Laboratório Militar.

“A principal prioridade é a saúde dos operacionais. Isto faz parte das normas. A queixa que havia, e era subvalorizada, era por parte das famílias, dos reformados, e hoje estamos a ver que também na saúde operacional há falhas e isso é que é preocupante. Aí não pode haver mesmo falhas.”

Em 2011, quando funcionavam os três hospitais militares, o quadro de pessoal era de 2.433 efectivos. Agora são 1.680 no HFAR, mas a tutela sempre desmentiu falhas no atendimento aos militares no activo.

As justificações oficiais não convencem Aranda da Silva, que contrapõe com o caso dos cinco candidatos com doenças graves que, mesmo assim, integraram o 127º curso de Comandos.

“A verdade é que há um acontecimento grave e vem a saber-se que há insuficiências na detecção de certas situações patológicas de pessoas que estavam envolvidas nesse exercício. Alguma coisa falhou”, afirma.

“Se nós sabemos que nos últimos anos se desinvestiu muito nesse serviço de saúde militar, nomeadamente, no hospital militar central, que tem capacidades muito reduzidas comparativamente com as que tinham separadamente o Hospital da Estrela, o Hospital da Marinha e o da Força Aérea, alguma coisa poderá estar relacionada com isso. Pelo menos, deve-se investigar”, sublinha o coronel Aranda da Silva.

Sobre o que se passou durante os exercícios do 127º curso de Comandos, em que dois aspirantes morreram e outros tiveram de ser assistidos no hospital, o antigo director do Laboratório Militar não acredita em coincidências.

“É um semáforo vermelho e que alerta para que alguma coisa falhou. Julgo que é demasiada coincidência que num grupo tão reduzido de pessoas poder acontecer, com esta incidência, um incidente deste tipo. Não estamos a falar de um universo de centenas ou milhares de pessoas, estamos a falar num universo relativamente pequeno das pessoas que estavam neste exercício”, sublinha.