Mensagem do Papa no Japão é "como um fogo que se alastrará pelo continente asiático"
25-11-2019 - 18:23
 • Sérgio Costa com redação

"O que experimentei em Nagasaki foi uma grande alegria, pelo facto de estar ali o Papa, naquela região que foi palco de grandes perseguições", conta o padre Adelino Ascenso.

A mensagem de paz deixada pelo Papa na sua visita desta semana ao Japão "será como um fogo que se alastrará a outras partes do continente asiático, para a as partes onde o cristianismo ainda é perseguido".

É esta a convicção do padre Adelino Ascenso, superior da Sociedade Missionária da Boa Nova, que esteve em Nagasaki a acompanhar uma parte da visita do Papa.

Após uma vaga de perseguições nos séculos XVI e XVII, o Cristianismo foi oficialmente banido do Japão; os que se mantiveram cristãos tiveram de praticar a sua fé em segredo durante mais de dois séculos.

A visita de Francisco foi, por isso, marcante, considera o sacerdote em entrevista à Renascença. "O que experimentei em Nagasaki foi uma grande alegria, pelo facto de estar ali o Papa, naquela região que foi palco de grandes perseguições."

Questionado sobre se esta visita de Francisco pode ser um virar de página e um alerta sobre a perseguição dos cristãos no Japão, Adelino Ascenso partilha a resposta que lhe foi dada por uma japonesa que não é cristã.

"Eu perguntei-lhe o que ela achava da vinda do Papa. Ela disse: 'O Papa traz-nos uma mensagem de paz. Espero que nós, japoneses, consigamos captar essa mensagem de paz, que nós possamos ser um exemplo para outros países asiáticos'."

O superior da Sociedade Missionária da Boa Nova foi de propósito à cidade nipónica, uma das duas atingidas por bombas nucleares na reta final da II Guerra Mundial, para acompanhar a visita do Papa. "Foi muito breve, dois dias, mas muito intensa e rica em encontros", conta à Renascença.

"Penso que o Papa deixou uma mensagem muito profunda, tanto na Tailândia como no Japão", defende o padre. "Deixou uma mensagem cheia de superlativos. Espero que isto contribua para que haja um maior desenvolvimento nas ideias da Conferência Episcopal Japonesa."

Adelino Ascenso lembra também que o apelo de Francisco à abolição das centrais nucleares foi muito importante para a população.

"O tema da bomba atómica está muito vivo na mente do povo japonês, principalmente em Hiroshima e Nagasaki, onde os museus mostram toda aquela tragédia. Encontrei-me com uma pessoa que visitou o museu de Nagasaki pela primeira vez e que me disse que, da primeira vez que entrou, teve de sair imediatamente, não conseguiu aguentar", conta o sacerdote.

A visita do Papa ao Japão termina amanhã, terça-feira, com uma visita à universidade católica de Tóquio. Depois, Francisco regressa a Roma.