Ucrânia denuncia execução de civis em Bucha e fala em "nova Srebrenica"
03-04-2022 - 11:19
 • Daniela Espírito Santo

Imagens de corpos nas ruas e cenário de devastação chocam União Europeia, que promete ajudar Ucrânia a provar "atrocidades cometidas pelas forças russas".

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Nota: Alguns dos relatos e imagens utilizados são gráficos e podem chocar os leitores

À medida que as tropas russas vão abandonando as zonas límitrofes de Kiev, começam a surgir as primeiras imagens da devastação. Segundo o presidente da Câmara de Bucha, pelo menos 300 civis foram mortos e uma vala comum foi encontrada ainda aberta. As autoridades locais deram acesso a jornalistas, acompanhados pela polícia, para recolher imagens e relatos do local.

Vários jornalistas internacionais falam de um cenário devastador, com edifícios destruídos e corpos espalhados pelas estradas. As imagens recolhidas pela Reuters retraram isso mesmo: diversos corpos, alegadamente de civis, aparecem prostrados no chão, de cabeça para baixo, abandonados no local onde morreram. Há, igualmente, relatos de valas comuns e algumas imagens de vídeo que parecem mostrar corpos lá enterrados.

No Twitter, as imagens são gráficas. O ministério da Defesa ucraniano, que também percorreu as ruas de Bucha, mostra veículos a evitar os corpos na estrada. Chama-lhe "a nova Srebrenica".

"A cidade ucraniana de Bucha esteve nas mãos de animais durante várias semanas. Civis foram executados arbitrariamente, alguns com as mãos atadas atrás das costas, os seus corpos espalhados pelas ruas da cidade", é dito no twit que, avisamos, contém imagens chocantes.

O porta-voz do Presidente da Ucrânia garantiu à BBC que as autoridades locais encontraram corpos de civis executados e valas comuns nos locais abandonados pelas tropas russas. Sergey Nikiforov assegura que as imagens que têm chegado dos territórios que foram agora desocupados são "difíceis de descrever". Haverá minas e armadilhas escondidas entre os escombros.

"Encontramos valas comuns. Encontramos pessoas com as suas mãos e pernas atadas e com buracos de bala na cabeça. São claramente civis e foram executados. Encontramos corpos meio queimados, como se alguém quisesse esconder os seus crimes mas não tivesse tido tempo suficiente para o fazer", acrescentou.

A fotogaleria que se segue contém imagens chocantes

União Europeia chocada

Charles Michel diz-se chocado com as imagens de atrocidades cometidas pelo exército russo na região de Bucha. O presidente do Conselho Europeu garante que a União Europeia está a ajudar na recolha de provas. Michel admite mais sanções para a Rússia, bem como mais apoio à Ucrânia.

Em Bucha, nos arredores de Kiev, quase 300 pessoas terão sido enterradas em valas comuns. Agora em mãos ucranianas, a cidade estará repleta de corpos, com as mãos amarradas, alegadamente executados.

"Chocado com as imagens assustadoras de atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev", diz utilizando a hashtag #BuchaMassacre

O presidente do Conselho Europeu nas redes sociais assegura que a União Europeia está a ajudar "a Ucrânia e as ONG's na recolha das provas necessárias" para apresentar ao tribunal internacional. "Mais sanções e apoio da UE estão a caminho", finaliza.

Também Josep Borrell foi ao Twitter dizer que está "chocado com as notícias de atrocidades cometidas pelas forças russas" e corrobora a ideia de que a UE vai "auxiliar a Ucrânia" na documentação dos "crimes de guerra". O representante das relações externas da União Europeia reitera o "contínuo apoio à Ucrânia".

Roberta Metsola, presidente do Parlamento Europeu, usou igualmente o Twitter para se mostrar "horrorizada" com "as atrocidades do exército russo em Bucha e outras áreas libertadas".

"Esta é a dura realidade dos crimes de guerra de Putin. O mundo precisa de ter consciência do que está a acontecer", diz, pedindo justiça e mais sanções.

Horrorizada mostrou-se, também, Ursula von der Leyen, que fala em "horrores indescritíveis". A presidente da Comissão Europeia diz que uma "investigação independente é necessária urgentemente".

Tambem a Human Rights Watch divulgou um relatório em que denuncia execuções sumárias, violações e outros abusos em zonas da Ucrânia ocupadas pelas forças russas.