Luís Montenegro respondeu e desmentiu André Ventura nas redes sociais, depois de o líder do Chega ter tido que lhe foi oferecido um lugar no Governo em troca da aprovação do Orçamento do Estado.
"Nunca o Governo propôs um acordo ao Chega. O que acaba de ser dito pelo Presidente desse partido é simplesmente MENTIRA. É grave, mas não passa de Mentira e Desespero", escreveu Luís Montenegro.
O chefe do Governo não levou nem meia hora a prestar o esclarecimento.
A revelação foi feita por André Ventura, durante uma entrevista à TVI/CNN Portugal. "O primeiro-ministro mentiu", acusou o líder do Chega, uma vez que Montenegro afirmou que "o Chega não era um parceiro confiável, que ele nunca contou com o Chega e que o Chega foi arredado das negociações".
E é mentira porque, segundo André Ventura, "o primeiro-ministro negociou com o Chega, quis negociar com o Chega". Ao ponto, disse Ventura, de ter proposto "um acordo para este ano", que passava por "mais para a frente", o Chega "integrar o Governo" — tudo em troca de luz verde para o Orçamento do Estado.
Além disso, o líder do Chega garantiu que esta proposta lhe foi apresentada no encontro de 23 de setembro em São Bento.
O líder do Chega acusou ainda o Governo de jogo duplo com o PS e com o partido de Ventura, dizendo que o primeiro-ministro escolheu “dois parceiros”, acabando por fazer “um jogo público” e um “jogo privado”.
André Ventura justificou a sua própria recusa a esse acordo “por ter palavra” e porque queria "um acordo de legislatura a quatro anos” e o Governo não, queria apenas para o momento atual.
Questionado na CNN Portugal sobre o porquê de nunca ter revelado essa tentativa de negociação do executivo, André Ventura afirma só agora ter revelado porque o primeiro-ministro disse que o Chega não era “confiável”, defendendo que não pode aceitar que o “primeiro-ministro humilhe desta forma” ou que possa “espezinhar os adversários”.
Sobre a atual proposta de Orçamento do Estado, André Ventura é afirmativo ao dizer que o partido vota contra o documento e que "mesmo com a abstenção é igual, porque não passa a mesma". E acrescenta que o partido "não dá aval ao Orçamento porque é fraco na luta contra a imigração".
Ainda durante a entrevista desta noite, André Ventura rejeitou coligações para as eleições autárquicas e colocou como objetivo "conseguir presença em território nacional com vereadores, ganhar câmaras — sobretudo no centro e sul do país — e recuperar a norte a implementação que as "legislativas deram ao partido".
Olhando para as eleições presidenciais, Ventura rejeitou ser candidato, afirmando que o seu objetivo é "ser primeiro-ministro de Portugal". Além disso, afastou o apoio do Chega a Luís Marques Mendes no caso de este vir a ser candidato, por o considerar "centrista". O líder do Chega diz, no entanto, que há dois nomes que o partido pode apoiar: o do almirante Gouveia e Melo e o do antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho.