Papa pede proximidade real e lembra que sem memória, desenraizamo-nos
14-06-2020 - 10:30
 • Aura Miguel

Francisco apelou à criação de “verdadeiras correntes de solidariedade”, na Igreja e na sociedade.

Na homilia da missa do Corpo de Deus, que em Itália se celebra este domingo, o Papa Francisco lembrou que a memória não é uma coisa privada, mas é fazer parte de uma história e respirar como um povo.

Sem memória desenraizamo-nos e deixamo-nos levar como folhas pelo vento. Pelo contrário, fazer memória é amarrar-se aos laços mais fortes, sentir-se parte duma história, respirar com um povo”, porque “a memória não é uma coisa privada, mas o caminho que nos une a Deus e aos outros.”

Ainda em confinamento, Francisco celebrou na basílica de São Pedro, com apenas 50 fiéis presentes. Na homilia, o Papa condenou os que se fecham e desconfiam dos outros. “As feridas, que conservamos dentro, não criam problemas só a nós, mas também aos outros. Tornam-nos medrosos e desconfiados… a princípio, fechados, mas com o passar do tempo, cínicos e indiferentes. Levam-nos a reagir aos outros com insensibilidade e arrogância, iludindo-nos de que assim podemos controlar as situações; mas enganamo-nos! Só o amor cura o medo pela raiz, e liberta dos fechamentos que aprisionam”.

Numa extensa reflexão sobre o valor da Eucaristia, o Papa recordou ainda que quem vai à missa e comunga não pode pensar só em si. “A Eucaristia apaga em nós a fome de coisas e acende o desejo de servir. Levanta-nos do nosso estilo cómodo e sedentário de vida, lembra-nos que não somos apenas boca a saciar, mas também as mãos d’Ele para saciar o próximo”.

Lembrando o contexto de pandemia diz ser “urgente cuidar de quem tem fome de alimento e dignidade, de quem não trabalha e tem dificuldade em seguir para diante. E fazê-lo de modo concreto, como concreto é o Pão que Jesus nos dá. É preciso uma proximidade real. São necessárias verdadeiras correntes de solidariedade. Na Eucaristia, Jesus aproxima-Se de nós - não deixemos sozinho quem vive ao pé de nós”.