Cerca de 30 noivas compraram os vestidos, pagaram o sinal - em alguns casos a totalidade - mas ficaram sem a encomenda. Algumas têm casamento marcado para os próximos dias. Aconteceu numa loja de Vila Nova de Gaia que encerrou as portas sem aviso prévio, o que acabou por apanhar as clientes de surpresa.
Ana Patrícia, uma das lesadas conta à Renascença que "tinha recebido boas recomendações da loja de outras pessoas que tinham comprado naquela loja".
Esta noiva, com casamento marcado para o próximo dia 6 de abril, diz que "tudo corria normalmente, quando a encomenda foi feita em agosto do ano passado". Ana Patrícia recebeu a garantia de que o vestido, vindo de um fornecedor de Inglaterra, "demoraria cerca de meio ano a chegar e estaria na loja em meados de fevereiro deste ano".
Passada uma semana do prazo dado pela loja, a noiva contactou a loja, "e nada de vestido".
A estranheza pela situação instalou-se, de facto, quando os pais do noivo foram à loja para comprar um vestido de cerimónia para uma das convidadas. "O meu pai estranhou ver um anúncio de liquidação total e até perguntou às funcionárias se havia algum problema", conta Patrick.
É aí que começam as preocupações. "Nos dias seguintes vimos a loja encerrada. No vidro, o papel dizia 'em remodelação'.".
Mas as campainhas arrancadas, os telemóveis desligados, os perfis de noivos bloqueados pelos donos nas redes sociais fizeram soar o alarme. Até que os proprietários das lojas vizinhas confirmaram as piores suspeitas: "contaram-nos que, ao longo de toda a semana anterior, havia carrinhas dia e noite a tirar tudo de dentro da loja... desde sofás, espelhos e até alguns vestidos".
Noivos unidos nas redes sociais
Patrícia e Patrick são um caso entre mais de 30 casais afetados por esta situação. Entre domingo e segunda-feira, dinamizaram um grupo de lesados no Facebook e "através de alguns contactos, foi possível obter a morada dos donos da loja".
O passo seguinte foi a concentração à porta da residência dos comerciantes, "que ainda tentaram a fuga, houve até uma perseguição pela A41, até que conseguimos intercetá-los na chegada a casa".
Depois de horas a fio de diálogo, "por vezes com alguma exaltação à mistura", Patrick conta que os proprietários aceitaram reembolsar ou devolver os vestidos à maior parte dos casais.
"No nosso caso, tínhamos pago cerca de 600 euros de sinal", um montante que a loja nunca chegou a transferir para o fornecedor.
Uma história para entreter os convidados
Tudo não passou de um susto. Patrícia conseguiu comprar um vestido noutra loja, "um pouco mais caro do que aquele que tinha encomendado na loja de Gaia". Mas diz que "pouco importa".
Afinal, não foi preciso mudar os planos, a noiva tem vestido e a festa vai mesmo realizar-se no próximo dia 6 de abril.
As últimas 72 horas ficam para a história deste casal. Uma aventura indesejada mas inesquecível, "e que vai entreter os convidados".
Com a maior parte dos casais ressarcida, o que sobra desta história é o silêncio dos proprietários da loja. Mas, ao que a Renascença apurou, a empresa pediu a insolvência.