Bispo do Porto pede legislação que funcione para combater a violência doméstica
19-01-2020 - 10:28
 • Isabel Pacheco , com redação

D. Manuel Linda considera que a sociedade “está a ficar muito violenta”, mas reconhece que “o problema da violência doméstica não é tanto um problema desta violência típica” mas “talvez algo de machismo que se foi acumulando”.

O bispo do Porto, D. Manuel Linda, quer que a legislação para o combate e prevenção da violência doméstica “funcione”. D. Manuel Linda reconhece que a questão da violência, especialmente a doméstica, não é de fácil resolução, e pede, por isso, uma sociedade mais atenta.

“Certamente e por estruturas como as escolas, como a catequese e todo sistema cultural de transmissão de valores tem um papel preponderante, mas também a lei. Evidentemente que a lei não pode ser uma força coercitiva, porque se fizermos um comportamento por medo de sermos apanhados pela polícia isso não é muito humano, muito digno. De qualquer maneira nesta fase importa que a lei funcione contra o agressor”, disse o bispo do Porto.

D. Manuel Linda considera que a sociedade de hoje “está a ficar muito violenta”, mas reconhece que “o problema da violência doméstica não é tanto um problema desta violência típica” dos dias de hoje, mas “talvez algo de machismo que se foi acumulando”. O bispo entende por isso que “há toda uma cultura e transformação de mentalidades” por fazer.

A violência no namoro é outra questão que preocupa o prelado do Porto. Um género de violência “diferente”, entende D. Manuel Linda, que acredita que esta forma de violência é hoje mais extensa do que a praticada em contexto familiar.

“Não quero ser pessimista, mas dá-me a impressão que a violência no namoro nesta fase ainda esta a ser mais provocatória e mais extensa do que a violência familiar. A violência no namoro porque é mais publico normalmente revela-se mais. A familiar fica mais atrás da porta”, diz o bispo.

D. Manuel Linda lembra que nem todos os relacionamentos “podem ou devem ter futuro” e que, por isso, caso, no namoro, uma das partes não se queira ajustar, o melhor é separarem-se. “É esse o conselho que deixo: o namoro não é ainda um compromisso definitivo, é de conhecimento mútuo e de ajustamento. Se uma parte não se quer ajustar, logicamente, há que deixar, porque no futuro vai dar problema”, diz o prelado.

Igrejas cristãs do Porto rezam este domingo contra a violência doméstica. Gesto une as igrejas Católica, Lusitana, Anglicana, Metodista, Luterana e Ortodoxa.