Alcochete. Bruno de Carvalho fala em cabala. "Foi a destruição da minha vida"
30-11-2018 - 21:24

Antigo presidente do Sporting recusa responsabilidade no ataque em Alcochete e deixa críticas a Jorge Jesus, Rui Patrício, William Carvalho e até aos jornalistas.

A RTP divulgou, esta sexta-feira, partes do interrogatório de Bruno de Carvalho no Tribunal do Barreiro. O antigo presidente do Sporting recusa qualquer responsabilidade do ataque em Alcochete.

O antigo líder leonino culpou Rui Patrício, William Carvalho, Jorge Jesus e também os jornalistas presentes na academia nessa tarde.

"Ninguém fechou o portão de Alcochete porque os jornalistas pediram, para poderem entrar. Depois já não dava para fechar. Foi a destruição da minha vida. O Rui Patrício e o William Carvalho queriam sair há muito tempo e tinham jantares regularmente com a claque Juventude Leonina. Não eram nenhuns santos".

"O próprio Jorge Jesus quis ir jantar com a claque. Eu nunca jantei com nenhuma claque, a não ser nas festas de Natal ou no aniversário das claques. A única vez que a Juve Leo entrou na academia foi quando o Jorge Jesus deixou entrar", disse.

Bruno de Carvalho aponta ainda o dedo ao atual treinador do Al Hilal sobre o horário vespertino do treino. "Foi o Jorge Jesus que pediu para o treino ser à tarde, porque estava convencido que já não iria treinar, que estava despedido". No entanto, outros testemunhos dizem que a decisão do horário do treino foi do antigo presidente do clube.

O ex-presidente fala de uma cabala contra o próprio. "Se você vir quem é que no fim se prejudicou. Fui eu. Diz-se que o Jesus levou uma pancada, mas eu estive lá depois e deve ter sido muito levezinha. Não vi mazela nenhuma. Dizem que um dos preparadores levou com uma tocha no peito, mas nem um furo na camisola tinha",

Bruno de Carvalho está acusado pelo Ministério Público de terrorismo e mais 98 crimes, de acordo com partes do despacho de acusação do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, a que a Lusa teve acesso, no âmbito da investigação ao ataque à Academia do Sporting, em Alcochete.

O ex-presidente do Sporting está acusado de 40 crimes de ameaça agravada, 19 de ofensa à integridade física qualificada, 38 de sequestro, um de detenção de arma proibida e crimes que são classificados como terrorismo, não quantificados.

Bruno de Carvalho está atualmente em liberdade com termo de identidade e residência.

Os factos remontam a 15 de maio, quando um grupo de cerca de 40 adeptos encapuzados, afetos ao Sporting, invadiram a Academia do clube, em Alcochete, e agrediram jogadores e equipa técnica. Logo no dia, a GNR deteve 23 pessoas. Ao longo do tempo, o número de arguidos aumentou para 40, entre eles Bruno de Carvalho. Desse lote, 38 estão em prisão preventiva.