Tiago abraçou a vocação. Jovem trocou Engenharia por Teologia e hoje é padre
15-07-2024 - 21:47
 • Liliana Carona

Na Igreja de Santa Marinha, concelho de Seia, está o mais recente padre da Diocese da Guarda, onde escasseiam os sacerdotes, realidade já diversas vezes assumida pelo bispo diocesano. Ordenado no passado dia 30 de junho, Tiago Fonseca colabora no serviço pastoral, enquanto aguarda pela atribuição de paróquias, mas já conquistou o coração dos populares da freguesia serrana de Santa Marinha.

Em Santa Marinha, quem passa pelo novo sacerdote, não hesita em saudar e parabenizar. Maria dos Anjos, 77 anos, viu na Internet a ordenação presbiteral. Para já, Tiago Fonseca ainda não tem paróquia atribuída na Diocese da Guarda, mas encontra-se a colaborar no serviço pastoral em Santa Marinha, para alegria de Maria dos Anjos. “Eu, para mim, acho o padre bom, jeitoso, gosto de o ouvir”, salienta, justificando que “em casa fica sozinha e dá em doida”.

Natural da Covilhã, Tiago Fonseca, de 27 anos, trocou Engenharia Eletrotécnica por Teologia. Estudou no Seminário Interdiocesano, de São José, que funciona em Braga, e que reúne quatro dioceses: Guarda, Viseu, Lamego e Bragança-Miranda.

“Eu fiz o percurso normal, de um jovem normal. Terminei o secundário e depois fui para o ensino superior, entrei na Universidade da Beira Interior, em Engenharia Eletrotécnica. E depois, passado um ano, percebi que não era por aí. Há um momento em que se toma uma decisão. Acho que a vocação ao sacerdócio era algo que fazia parte de mim. Não estava, era descoberta. Aquilo em que me sentia realizado e chamado a fazer, era outra coisa", conta o sacerdote.

O padre Tiago Fonseca percebeu, de antemão, a importância que assume a sua presença em localidades mais despovoadas.

“Acho que de certa forma passamos a fazer parte da vida, do dia-a-dia das pessoas. Somos uma presença assim constante e isso também é muito importante. Um padre é sempre mais do que um padre, aqui nestas paróquias mais do Interior do país. As pessoas estão mais sozinhas, há bastante isolamento e acabamos por ser uma presença e uma referência para as pessoas”, completa.

Crise de vocações pode ser oportunidade

“Não tenho nenhum padre na família. Mas foram os meus pais que me deram uma educação cristã. Essa é a primeira semente, obviamente. E sempre me apoiaram naquilo que eram os meus sonhos e que eram as minhas decisões. No início, esta decisão, encararam-na com surpresa, não estariam à espera”, revela Tiago Fonseca, sorrindo.

O caminho do sacerdócio não tinha sido percorrido por ninguém da sua família e a tão falada crise de vocações pode ser uma oportunidade, considera.

“A crise de vocações é uma realidade, sim, ao mesmo tempo que isto é também uma chamada de atenção para nós pensarmos a Igreja de uma forma diferente. É verdade que somos menos padres, mas isso também pode potenciar a que, por exemplo, o trabalho dos leigos tenha uma importância superior. Não é só uma crise de vocações, pode ser uma oportunidade para outro tipo de vocações florescerem mais”, admite o padre Tiago Fonseca.

Viajar, ouvir música e ler muito, estão entre as atividades que mais dão prazer ao mais recente padre da Diocese da Guarda.