Em Santa Marinha, quem passa pelo novo sacerdote, não hesita em saudar e parabenizar. Maria dos Anjos, 77 anos, viu na Internet a ordenação presbiteral. Para já, Tiago Fonseca ainda não tem paróquia atribuída na Diocese da Guarda, mas encontra-se a colaborar no serviço pastoral em Santa Marinha, para alegria de Maria dos Anjos. “Eu, para mim, acho o padre bom, jeitoso, gosto de o ouvir”, salienta, justificando que “em casa fica sozinha e dá em doida”.
Natural da Covilhã, Tiago Fonseca, de 27 anos, trocou Engenharia Eletrotécnica por Teologia. Estudou no Seminário Interdiocesano, de São José, que funciona em Braga, e que reúne quatro dioceses: Guarda, Viseu, Lamego e Bragança-Miranda.
“Eu fiz o percurso normal, de um jovem normal. Terminei o secundário e depois fui para o ensino superior, entrei na Universidade da Beira Interior, em Engenharia Eletrotécnica. E depois, passado um ano, percebi que não era por aí. Há um momento em que se toma uma decisão. Acho que a vocação ao sacerdócio era algo que fazia parte de mim. Não estava, era descoberta. Aquilo em que me sentia realizado e chamado a fazer, era outra coisa", conta o sacerdote.
O padre Tiago Fonseca percebeu, de antemão, a importância que assume a sua presença em localidades mais despovoadas.
“Acho que de certa forma passamos a fazer parte da vida, do dia-a-dia das pessoas. Somos uma presença assim constante e isso também é muito importante. Um padre é sempre mais do que um padre, aqui nestas paróquias mais do Interior do país. As pessoas estão mais sozinhas, há bastante isolamento e acabamos por ser uma presença e uma referência para as pessoas”, completa.
Crise de vocações pode ser oportunidade
“Não tenho nenhum padre na família. Mas foram os meus pais que me deram uma educação cristã. Essa é a primeira semente, obviamente. E sempre me apoiaram naquilo que eram os meus sonhos e que eram as minhas decisões. No início, esta decisão, encararam-na com surpresa, não estariam à espera”, revela Tiago Fonseca, sorrindo.
O caminho do sacerdócio não tinha sido percorrido por ninguém da sua família e a tão falada crise de vocações pode ser uma oportunidade, considera.
“A crise de vocações é uma realidade, sim, ao mesmo tempo que isto é também uma chamada de atenção para nós pensarmos a Igreja de uma forma diferente. É verdade que somos menos padres, mas isso também pode potenciar a que, por exemplo, o trabalho dos leigos tenha uma importância superior. Não é só uma crise de vocações, pode ser uma oportunidade para outro tipo de vocações florescerem mais”, admite o padre Tiago Fonseca.
Viajar, ouvir música e ler muito, estão entre as atividades que mais dão prazer ao mais recente padre da Diocese da Guarda.