O antigo líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, foi esta quinta-feira condenado a 40 anos de prisão por dez dos 11 crimes de que estava acusado. O Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jugoslávia considerou Karadzic culpado de genocídio.
A instância judicial considerou-o culpado pelo massacre de Srebrenica, em 1995, o pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
O TPI considerou Karadzic, agora com 70 anos, condenou-o também por crimes de guerra e contra a humanidade. Os crimes de que é acusado provocaram 100 mil mortos entre 1992 e 1995.
O advogado de defesa de Karadzic já fez saber que vai recorrer da sentença.
Com a confirmação desta acusação, Karadzic é o primeiro indiciado do TPI a ser condenado por genocídio durante as guerras jugoslavas, uma sentença que poderá ter um enorme impacto para as organizações das vítimas e a opinião pública de Sarajevo, que em 2008 celebrou a sua detenção.
Do lado sérvio, muitos consideram pelo contrário o TPI como uma jurisdição parcial, e esta sentença poderá ser explorada de forma nacionalista pelo governo de Banja Luka, capital da entidade sérvia da Bósnia.
Carlos Gaspar, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais, diz que o massacre de Srebrenica é um “momento de vergonha da história europeia”. Este especialista do IPRI lembra que “forças militares holandesas da União Europeia entregaram às milícias sérvias vários milhares de muçulmanos da Bósnia-Herzegovina que estavam sob a sua protecção numa zona protegida especial”.
Nestas declarações à Renascença, Carlos Gaspar lembrou ainda que o massacre de Srebrenica acabou por ser um ponto de viragem na guerra da Bósnia, uma vez que foi o acontecimento que conduziu à primeira missão internacional da NATO.
“É a partir do massacre de Srebrenica quer nos Estados Unidos quer na Alemanha e na França que finalmente se forma uma corrente forte que leva a uma intervenção decisiva com intervenção do Presidente Clinton a NATO decide enviar uma missão expedicionária. É um momento de viragem nas políticas ocidentais que está na origem da primeira missão internacional importante da NATO e do fim da guerra civil na Bósnia-Herzegovina”, acrescenta.
Veja a reportagem da Renascença "Na Bósnia, 20 Anos são dois dias"
[actualizado às 19h12]