Birmânia acusada de encobrir abusos sobre minoria muçulmana
05-01-2017 - 12:24

Os rohingya têm sido perseguidos, mortos e aterrorizados pela maioria budista e pelas forças armadas, acusam grupos de defesa dos direitos humanos, mas o Governo da Nobel da Paz Aung San Suu Kyi nega tudo.

O Governo da Birmânia está a ser acusado de encobrir os abusos humanitários cometidos contra a minoria rohingya ao longo dos últimos anos.

Vários grupos de defesa dos direitos humanos, incluindo o Human Rights Watch e a Amnistia Internacional, alegam que os rohingya têm sido alvo de campanhas concertadas de limpeza étnica, que incluiem massacres, violência física, violações e destruição de propriedades. Milhares têm fugido do país, procurando atravessar a fronteira para o Bangladesh ou para a Tailândia, onde vivem em campos de refugiados.

Uma fotografia de um bebé de 16 meses deitado de barriga para baixo na lama, que morreu quando a sua mãe tentava passar um rio, voltou a colocar a causa dos rohingya na imprensa, numa altura em que o Governo birmanês divulga um relatório onde diz que as alegações de violência contra este grupo étnico são inventadas.

O Governo diz que a dimensão da comunidade na região onde alegadamente tem havido perseguições, juntamente com a existência de edifícios públicos, incluindo mesquitas, “é prova de que não houve casos de genocídio ou de perseguição religiosa”.

A Human Rights Watch diz que o relatório birmanês é um exemplo clássico de um documento com conclusões predeterminadas, “com o objectivo de afastar a pressão da comunidade internacional”.

A actual responsável pelo Governo birmanês, a Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, tem sido criticada pelo seu papel neste encobrimento, embora possa ter sido condicionada pelos militares que continuam a ter um peso determinante no regime.

Os rohingya são uma minoria étnica, maioritariamente islâmica, que vive na região da Birmânia - conhecida também como Myanmar - que faz fronteira com o Bangladesh. Contudo, e apesar de reconhecer outras minorias étnicas no seu país, as autoridades birmanesas recusam aceitar que os rohingya sejam uma etnia separada, chamando-os bengalis e afirmando que são na maioria migrantes ilegais do Bangladesh ou descendentes de refugiados que vieram daquele país na década de 70. A maioria dos birmaneses são budistas.

A pressão dos militares sobre os rohingya – imagens divulgadas há dias mostram um grupo de soldados a espancar aldeãos – é agravada por perseguições populares em zonas em que os muçulmanos estão em minoria, frequentemente atiçadas por extremistas budistas nacionalistas, incluindo monges.