"Nunca vi nada assim". De motoristas a dentistas, pedidos de ajuda ao Banco Alimentar disparam
26-04-2020 - 16:01
 • Ana Rodrigues com Renascença

A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome diz que por causa da pandemia de Covid-19 "há pessoas que no frigorifico têm apenas restos". "Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca vi nada assim”, lamenta Isabel Jonet à Renascença. Número de pedidos de ajuda nesta altura chega aos 55 mil.

Veja também:


A presidente do Banco Alimentar Contra a Fome, Isabel Jonet, disse este domingo à Renascença que “nunca viu nada assim”, referindo-se ao aumento dos pedidos de ajuda à instituição no contexto da pandemia de Covid-19, que neste momento já chegaram a 55 mil.

"Estamos a falar de 11.500 novos pedidos de apoio alimentar só este domingo de manhã. E isto são agregados familiares. Portanto, estimo que sejam à volta de 55 mil pessoas que se dirigiram à rede de emergência” desde a chegada do novo coronavírus a Portugal, explica.

São pedidos “desesperados” de pessoas que viram as suas vidas viradas do avesso por causa da pandemia de Covid-19. São os novos pobres , desde manicures a motoristas, adianta a presidente do Banco Alimentar.

"São pessoas de profissões muito, muito diversas. Desde os motoristas de taxi ou de Uber, pessoas que trabalham em ginásios, fisioterapeutas, dentistas, trabalhadores de circos ambulantes, feirantes, cabeleireiras, manicures, pessoas das profissões ligadas ao turismo. E aquilo que temos hoje é um grande número de pessoas que, de repente, não têm qualquer rendimento ou remuneração."

Pessoas que, segundo Isabel Jonet, atravessam situações de grande fragilidade e, até, de fome.

"Graças às instituições de solidariedade social e às juntas de freguesia e autarquias, que no terreno têm apoiado com grande, grande solidariedade, penso que temos conseguido minorar o sofrimento destas pessoas. Mas há muitas pessoas que nos chegam hoje ao Banco Alimentar que dizem estar há mais de dois dias sem conseguir nada, no frigorifico têm apenas restos. São situações reais, muito, muito duras. Estou há 27 anos no Banco Alimentar e nunca vi nada assim”, lamenta.