Nossa Senhora de Fátima salvou-me a vida.” A frase foi várias vezes repetida por João Paulo II, que nunca escondeu a sua devoção mariana. Enquanto Papa, esteve três vezes em Fátima, sempre acompanhado pelo seu secretário pessoal, o cardeal Stanislaw Dziwisz.
“É um longa história” a ligação de João Paulo II a Fátima, diz o cardeal. Numa conversa com jornalistas, a propósito da Jornada Mundial da Juventude que se realiza este ano na Polónia, o agora arcebispo de Cracóvia recordou o papel da mensagem de Fátima no pontificado de João Paulo II.
Foi após a tentativa de assassinato de que foi alvo, a 13 de Maio de 1981, no Vaticano, que João Paulo II “redescobriu o significado da mensagem de Fátima” e se aproximou de Nossa Senhora, recorda Stanislaw Dziwisz.
Aparentemente não há razão para João Paulo II ter sobrevivido. Ali Agca era um assassino profissional e atirou à queima-roupa. Mas as balas falharam – uma delas por milímetros – os principais órgãos. O Papa diria mais tarde que uma “mão maternal guiou as balas” e em agradecimento enviou uma delas para Fátima, onde foi encrustada na coroa da imagem de Nossa Senhora.
Logo após o atentado, o Papa pediu o envelope com a terceira parte do segredo de Fátima para ler a mensagem. “Nossa Senhora de Fátima pediu que os bispos consagrassem a Rússia ao Imaculado Coração de Maria, porque isso iria trazer paz. Depois de se inteirar dos segredos de Fátima, especialmente o terceiro segredo, João Paulo II decidiu dedicar os países comunistas ao Imaculado Coração de Maria”, conta o cardeal.
A 25 de Março de 1984, em plena Guerra Fria, João Paulo II consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, na Basílica de Santa Maria Maior. “Depois desta consagração, começaram grandes mudanças que levaram ao fim do comunismo e da ideologia marxista que abriram caminho à liberdade. Isto foi uma revolução e uma mudança extraordinária, a queda do comunismo sem derramamento de sangue”, conclui o arcebispo de Cracóvia.
Curiosamente, um ano depois do primeiro atentado, no dia 12 de Maio, o Papa estava em Fátima quando sofreu uma segunda tentativa de assassinato. Desta vez o criminoso era um sacerdote espanhol, Juan María Fernández Krohn, um ultratradicionalista que tentou espetar o Papa com uma baioneta. A tentativa foi gorada pelos seguranças de João Paulo II, de tal forma que na altura a maioria das pessoas nem se apercebeu do incidente.