Cada manhã, Senhor, voltamos a ouvir
A tua música doce a retinir
Nas cordas do nosso humano, humilde, coração.
A voz dos sinos e dos salmos
Abre um sulco de lava incandescente,
Decanta um rio de amor,
Um murmúrio suave,
Desenha um recorte de talha dourada,
Uma toalha branca
Que se estende até envolver todas as coisas.
Habitamos esta breve folha de papiro
Levemente agitada pelo vento.
Respiramos o ar que Tu nos dás,
O teu alento,
O teu Espírito,
Que não se cansa de clamar em nós Ab-bá, Pai.
Tudo tão simples,
Quotidiano,
Cristalino,
Divino!
Falo de um Deus e Pai que,
De manhãzinha,
Se vem sentar na soleira da porta da nossa casa
A conversar connosco mansamente.
Diálogo belo e imenso.
Não falo de uma hipótese distante,
Colocada na origem do mundo.
Falo de um Deus e Pai,
Falo com um Deus e Pai
Que nos ama com ternura
E passa o tempo todo à nossa procura.
Faz que nós saibamos, Senhor,
Corresponder ao teu amor.