Presidente Jorge Carlos Fonseca pede a Portugal fim de vistos para cabo-verdianos
11-06-2019 - 06:00
 • Lusa

No âmbito das celebrações do 10 de junho, o Presidente lembrou que Cabo-Verde já não exige vistos a cidadãos da UE.

O Presidente da República de Cabo Verde desafiou Portugal a abolir os vistos para os cabo-verdianos e pediu apoio para a comunidade residente em São Tomé e Príncipe e que está vive numa situação “muito difícil”.

Durante o discurso oficial das comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, que decorrem na Escola Portuguesa de Cabo Verde (EPCV), na cidade da Praia, Jorge Carlos Fonseca sublinhou a excelência das relações entre os dois países.

Perante uma audiência de largas dezenas de portugueses e cabo-verdianos, o chefe de Estado de Cabo Verde recordou que recentemente foi abordado por um jornalista português que, perante os adjetivos que usou para caracterizar a relação entre os dois países, tentou saber o que poderia ser uma mais-valia para essa ligação.

“Para nós, e sempre o disse antes de ser Presidente da República, a da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) nunca será uma comunidade de povos e cidadãos se não houver a possibilidade de circulação destes povos sem a necessidade dos vistos”, adiantou.

Jorge Carlos Fonseca adiantou que “Portugal está tão apostado” como Cabo Verde nesta mobilidade. E partilhou com a audiência o que disse ao jornalista que o interpelou: "Se Cabo Verde aboliu os vistos para os cidadãos da União Europeia, porque não um acordo entre Portugal e Cabo Verde?”.

“Sabemos que não é fácil. Sabemos que a proposta portuguesa resulta de uma ginástica legal, mas convencional, por pertencer à União Europeia. Mas sabemos que, com vontade política, criatividade e imaginação sempre podemos chegar às soluções que correspondem aos nossos anseios”, prosseguiu.

Outra medida que, na opinião de Jorge Carlos Fonseca, poderia aproximar ainda mais os dois povos seria um acordo para Portugal e Cabo Verde, juntamente com São Tomé e Príncipe, arranjarem “uma solução para a dolorosa situação para muitos cabo-verdianos que foram para São Tomé e Príncipe nos anos 1960 e se encontram numa situação social muito difícil”.

O chefe de Estado cabo-verdiano, que participou nas comemorações do 10 de Junho em Portalegre, disse que a escolha de Cabo Verde para parte das comemorações do 10 de Junho “traduz um relacionamento entre dois países, entre dois Estados, mas sobretudo entre dois povos, que é particular, é especial”.