​Contestação ao regime chinês
30-11-2022 - 06:02

Alguns protestos contra os confinamentos tornaram-se em contestação ao regime da China. Mas o aparelho repressivo chinês é muito forte. E Xi Jinping viu o seu poder reforçado em outubro.

A situação na China ocupou grande parte da atualidade noticiosa nos últimos dias. “Pela primeira vez, há pessoas nas ruas a pedir a saída do partido comunista chinês”, disse à Renascença Eilo Yu, professor da Universidade de Macau, entrevistado pelo jornalista João Carlos Malta.

Esta é a importante notícia que nos chega da China. Era sabido que no território chinês se têm multiplicado os protestos contra a política de tolerância zero para a Covid. Mas agora algumas manifestações contra os confinamentos naquele país transformaram-se em contestação ao regime de Xi Jinping.

A política de Covid zero mantém-se na China, enquanto na maioria dos outros países já não há confinamentos nem é obrigatório o uso de máscara. Os confinamentos têm sido impostos com alguma violência. E nas transmissões televisivas dos jogos do Mundial de futebol as imagens dos espectadores nas bancadas, sem máscaras, são censuradas na China...

Apesar da severidade e do rigor dos confinamentos, que afetam gravemente a vida de muitos milhões de chineses, o número de casos de Covid na China está em alta. Xi Jinping recusa-se a mudar a sua política. É natural num regime que não dá valor à vida pessoal dos habitantes - não se lhes pode chamar cidadãos, mas súbditos.

Também por isso, e conhecendo a eficácia, até tecnológica, do gigantesco aparelho repressivo do regime chinês, não creio que estas contestações à ditadura do partido comunista levem a médio prazo a qualquer reforma no sentido da democracia.

Xi Jinping reforçou o seu poder autocrático na reunião plenária do partido, em outubro, e vive obcecado em evitar qualquer cedência suscetível de conduzir a um colapso do comunismo chinês semelhante ao que aconteceu na União Soviética.