Papa alerta religiosos para perigo da “psicologia da sobrevivência”
02-02-2017 - 17:38
 • Aura Miguel , Filipe d'Avillez

A excessiva preocupação com a sobrevivência leva os religiosos a ler as oportunidades de missão como ameaças, diz Francisco.

O Papa Francisco alertou esta quinta-feira os religiosos para o perigo de se sucumbir a uma “psicologia da sobrevivência”.

Num discurso proferido no Vaticano, dirigido em particular a todos os religiosos e religiosas católicos no mundo, Francisco pediu criatividade profética para enfrentar o futuro.

“A tentação da sobrevivência. Um mal que pode instalar-se pouco a pouco dentro de nós, no seio das nossas comunidades. A atitude de sobrevivência faz-nos tornar reactivos, temerosos, faz-nos fechar lenta e silenciosamente nas nossas casas e nos nossos esquemas. Faz-nos olhar para trás, para os feitos gloriosos mas passados, o que, em vez de despertar a criatividade profética nascida dos sonhos dos nossos fundadores, procurar atalhos para escapar aos desafios que hoje batem às nossas portas”, disse.

“A psicologia da sobrevivência tira força aos nossos carismas, porque leva-nos a ‘domesticá-los’, a pô-los ‘ao nosso alcance’ mas privando-os da força criativa que eles inauguraram; faz com que queiramos mais proteger espaços, edifícios ou estruturas do que tornar possíveis novos processos. A tentação da sobrevivência faz-nos esquecer a graça, transforma-nos em profissionais do sagrado, mas não pais, mães ou irmãos da esperança, que fomos chamados a profetizar.”

O Papa teme que os religiosos confundam oportunidades com ameaças e alerta-os nesse sentido. “Este clima de sobrevivência torna árido o coração dos nossos anciãos privando-os da capacidade de sonhar e, assim, torna estéril a profecia que os mais jovens são chamados a anunciar e realizar. Em resumo, a tentação da sobrevivência transforma em perigo, em ameaça, em tragédia aquilo que o Senhor nos dá como uma oportunidade para a missão.”

“Esta atitude não é própria apenas da vida consagrada, mas nós em particular somos convidados a precaver-nos de cair nela”, concluiu Francisco.