Polémica com tráfico sexual de menores leva à demissão do secretário do Trabalho de Trump
12-07-2019 - 15:52
 • Renascença

Alexander Acosta apresentou a sua demissão ao Presidente dos EUA na manhã desta sexta-feira. Acosta recebeu várias críticas por ter permitido um acordo considerado demasiado leve, quando era procurador de Miami, para um multimilionário acusado de vários crimes sexuais contra menores.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou esta sexta-feira o afastamento de Alexander Acosta do cargo de secretário de Trabalho, isto depois da polémica que o liga aos crimes sexuais com menores, nomeadamente de tráfico sexual, cometidos pelo multimilionário norte-americano Jeffrey Epstein.

Epstein foi pela primeira vez investigado em 2005, depois de a polícia de Palm Beach, na Flórida, ter recebido denúncias de abuso sexual de menores na casa do empresário.

Dois anos depois, Jeffrey Epstein enfrentava uma possível acusação de abuso de pelo menos 40 adolescentes. O caso acabou, no entanto, por ser encerrado, com o multimilionário a declarar-se culpado de crimes menores de prostituição, cumprindo 13 meses de prisão, mas em regime aberto – continuava a deslocar-se durante o dia para o seu escritório, para trabalhar.

Jeffrey Epstein aceitou também ser registado como agressor sexual.

O então procurador de Miami, que negociou o acordo judicial com Epstein, era Alexander Acosta, o agora demissionário secretário do Trabalho. Acosta recebeu várias críticas por ter permitido um acordo considerado demasiado leve para o réu, inclusivamente do Partido Democrata, na Câmara dos Representantes, em fevereiro deste ano.

Entretanto, Jeffrey Epstein, de 66 anos, um empresário (próximo, por exemplo, do Presidente Trump, mas também do ex-Presidente Clinton) que fez fortuna no mundo da banca de investimentos, foi formalmente acusado, em Nova Iorque, de tráfico sexual, envolvendo menores a partir dos 14 anos, acusações que o podem levar a uma condenação até 45 anos.

Os procuradores acusam Epstein de atrair dezenas de mulheres para as suas casas de luxo em Nova Iorque e na Flórida e de lhes pagar para concretizar atos sexuais. Estes encontros terão ocorrido entre 2002 e 2005 e o multimilionário usaria ainda algumas das jovens para recrutar outras para as mesmas práticas.

De acordo com a acusação, o norte-americano “procurava intencionalmente menores e sabia que muitas das suas vítimas tinham menos de 18 anos, porque, em alguns dos casos, elas próprias lhe disseram a idade”, lê-se na acusação. A idade mínima para o sexo consentido é de 17 anos em Nova Iorque e de 18 na Flórida.

O procurador Geoffrey Berman revelou também que numa busca à mansão de Epstein em Nova Iorque foram encontradas “fotografias de mulheres nuas, que pareciam ser menores”.

No entanto, Epstein diz que os encontros eram consentidos e que pensava que as mulheres em causa tinham todas, pelo menos, 18 anos. A acusação pede prisão preventiva até ao julgamento, com o argumento de que a enorme fortuna e a propriedade de aviões privados contribuem para um grande risco de fuga.

Quando à demissão de Alexander Acosta, que foi comunicada (e prontamente aceite) a Donald Trump na manhã desta sexta-feira, surge apenas dois dias depois de o secretário de Trabalho ter convocado uma conferência para defender as suas ações em 2008. Acosta garante que a sentença foi “a mais dura possível” num caso que tem como “complexo e difícil”. Mais tarde, no Twitter, o secretário de Trabalho demissionário garantia que Jeffrey Epstein “era e é um predador sexual”, dizendo-se “satisfeito” pela ação judicial agora desencadeada em Nova Iorque.