Huawei sem Google. O que vai acontecer aos nossos telemóveis?
20-05-2019 - 15:51
 • Marta Grosso

A Google revogou a licença da Huawei para utilizar o sistema Android. Em causa fica, sobretudo, a segurança dos utilizadores. Gigante chinês já respondeu.

Os proprietários de smartphones da chinesa Huawei foram apanhados na guerra política e comercial lançada pelo Presidente norte-americano e, a partir de agora, deixarão de receber as atualizações ao sistema operativo Android.

A Google confirmou que a sua loja online, Google Play, e as proteções de segurança fornecidas pelo Google Play Protect continuarão a funcionar nos dispositivos Huawei existentes, mas não haverá qualquer atualização no próprio sistema operacional.

Quer isto dizer que os aparelhos do gigante chinês poderão ficar mais vulneráveis a fragilidades detetadas e corrigidas pela Google.

A Huawei poderá, contudo, lançar os seus próprios pacotes de segurança, tentando ultrapassar o problema – uma medida já anunciada, de resto, pela empresa.

Em resposta ao anúncio da Google, a Huawei emitiu um comunicado no qual sublinha que “tem contribuído substancialmente para o desenvolvimento e crescimento do Android em todo o mundo”.

“Como um dos principais parceiros do Android ao nível global, temos trabalhado de perto com a sua plataforma de ‘open-source’ para desenvolver um ecossistema que tem beneficiado os consumidores e a indústria.

A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança. Serviços de pós-venda para todos smartphones e tablets Huawei e Honor existentes. Abrangendo os equipamentos vendidos e os que ainda estão em stock.

Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável. O objetivo é fornecer a melhor experiência para todos os utilizadores globalmente”, lê-se na nota.

Todos os smartphones da Huawei são executados no sistema operacional Android, desenvolvido principalmente pela Google. Os tablets são baseados no Windows 10.

Em resposta às diretrizes do Presidente norte-americano – que declarou “emergência nacional” e proibiu empresas norte-americanas de usar equipamentos de telecomunicações de congéneres estrangeiras consideradas de risco – o gigante norte-americano começou a suspender os negócios com a chinesa Huawei.

O principal impacto será nos telemóveis que estejam agora a ser desenvolvidos e venham a ser vendidos pela marca, uma vez que a Google deverá deixar de licenciar aplicações como o Chrome ou o YouTube.

Líder em Portugal

A Huawei lidera a venda de telemóveis em Portugal, tendo, nos primeiros três meses do ano, conquistado 35% das vendas unitárias. Entre janeiro e março, os portugueses compraram 220 mil smartphones da marca, refere o “ECO”.

Segundo o mesmo jornal, que cita dados da consultora IDC, a Samsung conseguiu, no mesmo período, 30% do mercado e a Apple 11%.

Os consumidores portugueses estão, por isso, entre os mais prejudicados pelo corte da Google. Contudo, para já não se deve fazer “nada”, diz vice-presidente associado do departamento de dispositivos da IDC (empresa de estudos de mercado) na Europa, Médio Oriente e África.

Em declarações ao “ECO”, Francisco Jerónimo sublinha que o principal impacto será sentido no futuro, uma vez que “a Huawei já lançou a maioria dos smartphones” que tinha previsto para este ano.

Agora resta esperar para ver como evolui a guerra comercial entre os EUA e a China.

No Twitter, a Huawei garante que nada parará a empresa, nomeadamente no avanço para o 5G, e que a última “cartada” de Washington em nada ameaça o gigante chinês.


Confirmado mantém-se também o lançamento do Huawei Mate X, agendado para junho.