Mirra Andreeva é a mais recente sensação do ténis mundial. Ao derrotar a número dois do mundo, Aryna Sabalenka, nos quartos de final Roland-Garros, tornou-se, aos 17 anos e 37 dias, a mais jovem jogadora a apurar-se para as meias-finais do torneio feminino de singulares de um Grand Slam desde Martina Hingis, em 1997. Tudo porque, em 2005, dois anos antes de ela nascer, a mãe viu Marat Safin jogar.
Foi nas meias-finais do Open da Austrália, ao ver Safin derrotar Roger Federer e seguir para a final - que venceria, frente ao australiano Lleyton Hewitt -, que Raisa Andreeva se apaixonou pelo ténis. Decidiu, logo ali, que a filha que carregava na barriga seria tenista. Era Erika, que, de facto, seguiu o futuro delineado pela mãe e, hoje em dia, aos 19 anos, fecha o "top-100" do "ranking" WTA.
Dois anos mais tarde, nasceu Mirra, que também foi encaminhada, desde pequena, para uma carreira no ténis e, depois da prestação em Roland-Garros, deverá saltar bem para lá da 38.ª posição que já ocupa na hierarquia mundial.
"Não fui eu a escolher este desporto. Foi a minha mãe. Estou muito feliz por a minha mãe ter escolhido o ténis, porque sinto mesmo que pertenço aqui", afirmou a jovem, em 2023, em entrevista ao site da WTA, quando disputava o Masters de Madrid, o primeiro torneio do circuito principal da carreira.
Um ano depois e Mirra Andreeva já sonha com o primeiro título do Grand Slam. Frente a Sabalenka - que, diga-se, estava doente no dia do encontro -, detentora de dois ‘majors', deu sinais da idade. A meio do segundo "set", mandou a mãe para fora do estádio e, a partir daí, acalmou um pouco. No último jogo de serviço da adversária, viu uma joaninha no "court" e apressou-se a salvá-la.
"Aquela joaninha foi um sinal. Vi-a no 'court' e pensei: 'Bem, talvez isto seja um bom sinal'. E foi", contou a jovem tenista, na conferência de imprensa pós-jogo.
Se era um sinal daquela vitória ou de que algo mais surpreendente ainda está para vir, o tempo dirá. A verdade é que, a partir de agora, Mirra está entre as quatro candidatas ao título em Paris. Martina Hingis venceu três - Austrália, Wimbledon e EUA - dos seus cinco ‘majors' em singulares em 1997, aos 17 anos. O sonho de Mirra é ser tão grande quanto os maiores de sempre.
"Sei que o Djokovic venceu 22 ou 23 Grand Slams, por isso eu quero chegar aos 25, se for possível", afirmou, em junho de 2023, poucos dias antes de o sérvio vencer o 23.º Major - e quatro meses antes de chegar ao 24.º, com que igualou a australiana Margaret Court como o tenista com mais títulos do Grand Slam da história.
Novak Djokovic desistiu de Roland Garros, pelo que já não pode chegar ao 25.º, o que facilita um pouco a missão de Mirra Andreeva, que, depois de eliminar Sabalenka, festejou a preceito: dançou ao som de "Teenage Dream" ("Sonho Adolescente", em português), de Katy Perry.
O sonho adolescente continua diante da italiana Jasmine Paolini, número 15 do "ranking" mundial e que também nunca tinha chegado às meias-finais de um torneio do Grand Slam.