​Novo movimento cívico MAE junta economistas, juristas e médicos
10-03-2021 - 14:03
 • Ângela Roque

Chama-se MAE - Movimento Ação Ética, e quer ajudar a combater a “indiferença cívica”, o “relativismo ético” e o “défice de responsabilidade pessoal e social”. Entre os promotores da iniciativa estão o economista Bagão Félix, o jurista Paulo Otero e os médicos Pedro Afonso e Victor Gil.

O Movimento Ação Ética (MAE) nasceu a 1 de janeiro de 2021, Dia Mundial da Paz, mas só esta quarta-feira foi lançado publicamente.

O comunicado que faz a sua apresentação refere que, “atualmente, a sociedade vive momentos de grande insegurança e incertezas”, e que “mais do que nunca é urgente refletir sobre o modo como vivemos, tomamos decisões, agimos e organizamos a nossa sociedade”.

Foi nesse pressuposto que Bagão Félix, Paulo Otero, e os médicos Victor Gil e Pedro Afonso avançaram com a iniciativa cívica, que pretende propor “abordagens, reflexões, estudos e contributos em torno das questões éticas atuais”.

Em declarações à Renascença, o psiquiatra Pedro Afonso lembra que a pandemia veio mostrar que há dificuldades de diálogo e que falta reflexão crítica.

“Verificou-se uma situação singular nesta pandemia, que foi uma dificuldade de diálogo e comunicação entre o poder político, os cientistas, e até mesmo por parte dos políticos, uma dificuldade em lidar na prática com esta situação atípica, e nós entendemos que falta aqui um espaço de reflexão e contributo por parte da sociedade civil que possa dar algumas respostas e pistas sobre vários temas que se colocam atualmente. Nós temos várias preocupações que englobam o campo da ética”, afirma.

Mas, como é vão ajudar a fazer essa reflexão? Pedro Afonso explica que será, sobretudo, “através de intervenção pública pontual, em função dos temas que o exigirem”, e dá como exemplo a questão das vacinas contra a Covid-19, e o processo legislativo da eutanásia.

“Estamos a aguardar a decisão do Tribunal Constitucional relativamente ao pedido de fiscalização da eutanásia, por parte do Presidente da República. E também já intervimos publicamente, alguns de nós, sobre a questão ética relacionada com a distribuição das vacinas, no início o processo foi um pouco atribulado, e é uma área que nos preocupa.”

O novo movimento cívico prepara também um livro dirigido aos mais jovens, que em 14 capítulos aborda questões essenciais, como os desafios éticos do uso e abuso das redes sociais, a importância da filantropia, ou a corrupção e a falta de ética na política.

“A falta de ética na vida política, e todos estes casos e escândalos que têm vindo a público, está a afastar de forma perigosa as gerações mais novas e as pessoas com valor. Devemos fazer uma reflexão séria sobre isso, de modo a evitar que a política fique sequestrada por um conjunto de interesses e afaste as pessoas de bem e com competência em várias áreas”, sublinha.

O comunicado que apresenta o Movimento Ação Ética esclarece que o MAE “tem na sua génese a vontade e determinação de pessoas de diferentes gerações, formação académica e percurso profissional, para quem o primado da ética é inseparável da razão de ser das ações pessoais e dos códigos de conduta profissionais ou institucionais”, e que é “é aberto à participação das pessoas de boa vontade e de livre arbítrio, por neste movimento não caberem quaisquer formas de dependência”.

A Carta de Princípios, e todas as informações sobre o novo movimento estão disponíveis no site do Movimento Ação Ética.