Amnistia Internacional questiona impacto da tecnologia na democracia
07-11-2019 - 16:10
 • Cristina Nascimento

Secretário-geral da organização de Direitos Humanos diz que não é contra a tecnologia, mas defende um total consentimento por parte dos consumidores.

O secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naidoo, questionou esta quinta-feira qual o real impacto da tecnologia na sociedade democrática.

No palco central da Web Summit, no último dia da conferência tecnológica em Lisboa, Naidoo citou um antigo presidente executivo da Google que afirmava "sabemos onde estás, sabemos onde vais estar, sabemos mais ou menos o que pensas" para levantar a pergunta.

“É este o caminho da democracia? Darmos este tipo de poder a uma empresa privada?”

Naidoo criticou também a forma como estas empresas têm sido punidas pela Justiça, dando como exemplo o Facebook, cujas ações em bolsa subiram após a gigante tecnológica ter sido alvo de uma multa de milhares de milhões de dólares.

Apesar das críticas, Naidoo deixou claro que não é anti-tecnologia. “Queremos que os cidadãos tenham acesso a recursos para colherem benefícios positivos. Mas isso não deve surgir de uma escolha sem consentimento”, explicou.

O líder da Amnistia Internacional reconheceu ainda que a evolução da tecnologia tem sido surpreendente, ainda que nem sempre pela positiva.

“Não pensávamos que algumas destas empresas tecnológicas iriam evoluir da forma que evoluíram, em que podem manipular dados da forma como já fizeram e permitir que os dados sejam uma arma”, rematou.