"O que o Papa faz por Moçambique é sempre na busca do bem do povo e da Igreja"
20-03-2021 - 23:19
 • Henrique Cunha

O porta-voz da Conferência Episcopal de Moçambique, D. João Carlos Nunes, entende que a transferência de D. Luis Fernando Lisboa da diocese de Pemba “terá sido o melhor para o momento". O bispo diz que os “ataques das forças litigantes estão a perder força, porque as forças de defesa do país têm assumido as rédeas da situação”.

O porta-voz da Conferência Episcopal de Moçambique (CEM), D. João Carlos Nunes, diz que os bispos acolheram com naturalidade a transferência de D. Luis Fernando Lisboa da Diocese de Pemba, na região de Cabo Delgado.

O também bispo da diocese de Chimoio, na província de Manica, no Centro de Moçambique, entende que a transferência de D. Luis Fernando Lisboa “terá sido o melhor para o momento, dada a situação que estamos a atravessar” e diz acreditar que “os irmãos bispos também pensam o mesmo”, tanto mais que “a situação agora é mesmo humanitária, de assistência”.

Em entrevista à Renascença, o porta-voz da CEM afirma que os “ataques das forças litigantes estão a perder força, porque as forças de defesa do país têm assumido as rédeas da situação”.

Na mesma linha de raciocínio, sobre a importância do papel do Papa face a situação vivida no Norte de Moçambique, D. João Carlos Neves lembra que foi a intervenção de Francisco que conseguiu colocar no centro das atenções o problema humanitário de Cabo Delgado.

"De facto, depois do primeiro pronunciamento do Papa Francisco, Pemba e toda a situação passou a ser mais visível e mais sentida, ao ponto em que se chegou a esse estado em que as próprias nações unidas e vários países se identificaram com a causa, e identificaram o caso como sendo de facto terrorismo e que é importante uma ação conjunta também do ponto de vista militar”, afirma.

O bispo afirma que “para se chegar aí, sem dúvida que a proximidade do Papa ajudou muito para se conhecer a situação mais a fundo e se poder ajudar a superar esta situação".

O porta-voz da CEM aproveita esta entrevista à Renascença para agradecer todo o apoio que tem chegado ao terreno por parte da Igreja portuguesa e lembra que “esse apoio começou já há muito tempo, logo que eclodiu o conflito".

"D. Luís Fernando Lisboa ia partilhando connosco a informação dos vários apoios que recebemos de Portugal e da Igreja irmã de Portugal”, uma ajuda que “beneficiou muitas ações ligadas à mitigação do sofrimento daquela população, como por exemplo alguns hospitais que tiveram apoio de Portugal e também de Roma".

O bispo agradece também a decisão do Governo português em disponibilizar cerca de um milhão vacinas para os países de expressão portuguesa: "Nós dependemos muito de doações. O país, como tal, não tem ainda capacidade de adquirir vacinas".

"Esperamos que essas doações consigam alcançar aqueles grupos alvo, e que são mais frágeis e estão mais expostos, como é o caso da população idosa e dos grupos vulneráveis”, sublinha.

Moçambique está a viver um período de confinamento e as celebrações pascais não poderão contar com a presença de fiéis.

O bispo de Chimoio refere que se continuam “a fazer missas em privado e, sobretudo, privilegiando esses meios de comunicação, como as rádios que temos ao nosso dispor”.

“Infelizmente, também esta Páscoa será passada assim. Mas, pronto... Deus está e nos acompanha e esta é a certeza que nos anima”, remata D. João Carlos Nunes.