CTT reabre loja de Redondo. "Nunca deviam ter fechado"
18-02-2020 - 16:08
 • Rosário Silva

Redondo foi um dos 33 concelhos portugueses onde os Correios de Portugal encerraram serviços até ao final de 2018.

Ricardina Martinho entra, pela primeira vez, na renovada loja dos CTT, na vila de Redondo, distrito de Évora. Meio tímida, mas de sorriso nos lábios, vai buscar o correio ao apartado, ao mesmo tempo que deixa sair algo como “Está muito jeitoso”. Refere-se, naturalmente, às modernizadas instalações, depois de terem estado encerradas mais de um ano.

“Foi um erro terem abalado daqui, fazia muita falta e eu estou muito satisfeita por ter aberto outra vez, pois são os nossos correios”, declara a alentejana.

O concelho de Redondo foi um dos 33 concelhos portugueses onde os Correios de Portugal encerraram serviços até ao final de 2018. Nas localidades afetadas, subcontrataram o serviço a juntas de freguesia, estabelecimentos comerciais e outros prestadores.

Redondo não foi exceção, apesar da contestação e do transtorno causado à população, sobretudo a rural.

“Olhe, os correios não deviam ter fechado, pois os mais velhos, nós os reformados, recebíamos aqui a pensão e dava muito jeito e não lá em baixo onde se vendiam revistas, jornais e lotarias, e tínhamos de esperar muito tempo”, adianta à Renascença o septuagenário José Luís, agora “muito satisfeito” com a reabertura da loja.

Mais novo, mas com opinião semelhante, Cristóvão Leal faz questão de dizer que não “percebe muito bem este tipo de gestão, do abre e fecha”. Contudo, reconhece, a reabertura esta terça-feira “é uma vitória muito importante” para a população.

No seu posto de trabalho, está agora a funcionária Vanda Canhoto. É um regresso ao mesmo local que teve de abandonar há mais de um ano. “Estou a regressar com muita alegria, pois foi nesta vila que cresci e conheço as pessoas”, confidencia à Renascença.

Nos últimos meses passou por outros postos dos CTT, mas quando soube que a estação ia reabrir, ficou “empolgada" até ser "convidada” a regressar, revela. Há 25 anos ao serviço dos Correios de Portugal, Vanda não tem dúvidas. “É uma nova etapa para mim, um regresso esperado, é ver isto de outra maneira, e poder servir os clientes. Estou muito satisfeita.”

Satisfeito está, largamente, o presidente da câmara municipal de Redondo, uma das vozes que mais contestou o encerramento da loja há mais de um ano. “Não foi aceitável termos ficado privados deste serviço, por isso nos manifestámos, na altura, contra o encerramento”, recorda António Recto.

No primeiro dia de uma vida que se espera longa para os CTT do concelho, o autarca assegura que “a população está mais enriquecida com esta reabertura e ainda por cima no mesmo local que estavam habituados a frequentar”.

Ganha o concelho, com cerca de 6.700 residentes, ganha a região e ganha o interior do país. “Mau seria se nós começássemos a fechar serviços públicos constantemente”, desabafa o presidente do município. “Se andamos aqui a lutar contra a desertificação e, ao mesmo tempo, andamos a fechar serviços, certamente que estamos a contribuir para agravar o problema da desertificação.”

Loja de Aljustrel reabre na próxima semana

A loja de Redondo é a quarta, em sede de concelho, a ser reaberta, depois de Vila Flor, no distrito de Bragança, de Alpiarça, no distrito de Santarém, e Melgaço, no distrito de Viana do Castelo.

“O que mudou foi a consciência muito clara de que devemos estar próximos das nossas populações e estamos aqui a cumprir esse compromisso, tentando, ao ritmo possível, ter uma estação dos CTT em cada concelho”, referiu aos jornalistas o CEO da empresa, João Bento, quando questionado sobre a mudança de paradigma.

Sobre a reabertura de outras lojas, o presidente dos CTT apenas garante que “vamos continuar a reabrir estações em sedes de concelho”. E anunciou “em primeira mão” a reabertura, já na próxima semana, da estação de Aljustrel, também no Alentejo.

“Estamos a agir com sensatez e calma", afiança João Bento. "O número de pontos dos CTT tem vindo a aumentar, aumentou em 2019 e, portanto, não há uma situação de falta de acesso ao serviço, não é grande a urgência, pelo que queremos prosseguir este processo, com toda a tranquilidade e de forma digna.”