​Sinais de abrandamento
19-07-2019 - 06:35

O crescimento económico continua a abrandar em Portugal. As contas externas pioram. E a baixíssima inflação é sintoma de um fraco crescimento.

Em maio passado a atividade económica em Portugal teve o quarto mês sucessivo de abrandamento e o aumento mais lento desde outubro de 2016. Maio deste ano foi o primeiro mês, desde 2016, em que atividade económica portuguesa cresceu a um ritmo inferior a 2%.

O consumo privado, que passou a ser um dos poucos dinamizadores da nossa economia, registou em junho e pelo quinto mês consecutivo um aumento de 2,4%. Mas nas contas externas há sinais de preocupação.

Entre janeiro e maio deste ano o défice da balança corrente e de capital duplicou face a igual período de 2018. A exportação de serviços, nomeadamente de turismo, até há pouco compensava o défice na balança de mercadorias. Mas tal deixou de acontecer. As exportações de bens e serviços cresceram 4,8% comparando com janeiro-maio de 2018. Mas as importações aumentaram mais – 10,3%. Assim, a balança comercial de bens e serviços fechou com um défice de 1,6 mil milhões de euros nos primeiros cinco meses do corrente ano. Segundo o Banco de Portugal, o endividamento da economia nacional, excluindo o setor financeiro, atingiu em maio um máximo histórico.

O regresso aos desequilíbrios externos poderá revelar-se mais grave do que a elevada dívida pública portuguesa, cujos juros tem estado a nível excecionalmente baixo – mas nada garante que não subam.

Se os juros baixos são favoráveis para os gastos do Estado no pagamento desses juros, o facto de a inflação em Portugal ser das mais baixas da zona euro (em junho, 0,7% em Portugal, 1,3% na zona euro) indicia um crescimento económico modesto. Não é por acaso que economias dos países da antiga órbita soviética – os três países bálticos e a Eslováquia – que têm níveis de inflação mais elevados (3,1% na Letónia em junho) são aqueles que ultrapassam Portugal na subida do PIB.