O primeiro centro de atendimento para imigrantes da Estrutura de Missão da Agência para a Integração, Migrações e Asilo, que abriu portas esta segunda-feira no Centro Hindu, em Telheiras, na capital, tem, para além de funcionários da própria AIMA, funcionários do Instituto de Emprego e Formação Profissional, da Segurança Social e também de associações migrantes.
Há também colaboradores de entidades da sociedade civil que já receberam formação técnica por parte das forças de segurança.
O objetivo é resolver os mais de 400 mil processos pendentes de análise, através de uma operação logística integrada e robusta. Só que falhou a comunicação, como diziam os cerca de 40 imigrantes que, antes da hora de abertura, já esperavam pela sua vez.
Ninguém sabia que o atendimento obrigava a um agendamento prévio, e por isso, desses quarenta, só um se manteve à espera para ser chamado. O primeiro que estava na fila não se conforma, quando um funcionário da AIMA, à entrada do Centro Hindu, lhe diz que tem de ir à Loja AIMA 2, aos Anjos, para obter informações e fazer o agendamento.
Francis Ferreira queixa-se da falta de informação, ausente da página da AIMA, e assegura que se for aos Anjos, vai obter "uma informação genérica", e sair sem garantir marcação.
"Acaba por ser algo revoltante, porque se houvesse algo preciso, ainda que demorado, a gente consegue gerir. O que não se consegue gerir são coisas superficiais", queixa-se.
Por isso, não tem dúvidas. "Nasceu falido, o primeiro centro de atendimento da Estrutura de Missão. Se o objetivo é tratar casos e recebo a informação que é preciso ir a outro lugar, onde vou ter uma resposta genérica, é muito complicado".
Sinhor Mandela foi um dos que ficou na fila, porque tinha agendamento para as nove da manhã. "Há quase dois anos que estava á espera desse agendamento", diz. "É tempo demais".
Ainda por cima, a primeira data era 3 de setembro, foi cancelada. "No sábado recebi um e-mail a cancelar e a marcar para hoje o agendamento".
Carla Valente é advogada. Acompanha o Sr. Indhi, natural do Sri Lanka, que pretende autorização de residência. Para esta advogada, o problema começa pelas embaixadas.
Os processos de concessão de visto para virem trabalhar para Portugal, que serão a maioria dos processos, têm de se pedir junto das embaixadas. E isso é uma enorme dificuldade. Quem vive como o senhor Indhi no Sri Lanka tem de ir a Nova Deli, à embaixada de Portugal na India. Depois, há muita corrupção associada a isto. Pedem pagamentos para terem acesso a agendamentos".
A opção, no caso, é arriscar pedir um visto Schengen, que lhes dá acesso a qualquer país europeu. E a partir daí, vêm para Portugal, onde fazem pedido de residência.
A abertura deste centro levou a alterações no funcionamento das Lojas AIMA. A Loja AIMA LISBOA II, nos Anjos, vai funcionar exclusivamente para Informações. A Loja AIMA LISBOA I, na Avenida António Augusto Aguiar, passará a estar dedicada à Receção de Processos, no horário habitual, e à Entrega de Títulos, das 12h00 às 16h00.