Refood de Benfica precisa de donativos. “Não é preciso muito para dar a melhor prenda e nós damo-la todo o ano”
21-12-2020 - 19:29
 • Fábio Monteiro

A Refood de Benfica sofreu uma quebra significativa de donativos este ano e está modo de sobrevivência. O núcleo da associação em Carnide e o núcleo de São Domingos de Benfica “ainda não conseguiram reabrir”, explica Helena Batista, responsável pela Refood na freguesia, em declarações à Renascença.

Num ano normal, o núcleo da Refood de Benfica teria, por estes dias, uma banca de Natal a recolher donativos nos tradicionais mercados da freguesia. O valor aí amealhado, juntamente com os donativos que algumas empresas costumavam fazer durante o ano, seria suficiente para pagar a renda e despesas anuais de água e luz da sede – cerca de 6.000 euros. Todavia, 2020 está longe de ser apenas mais um ano.

Devido à pandemia, a Refood de Benfica sentiu uma quebra significativa dos donativos monetários, o que obrigou o núcleo a ser “criativo”.

“Quando não temos donativos, estas despesas são pagas pela Refood Central. Não é realmente esse o papel dela, mas, às vezes, tem que acontecer. Temos conseguido ter algumas ajudas e normalmente vêm sempre de donativos”, diz Helena Batista, responsável pelo núcleo da Refood de Benfica, em declarações à Renascença.

Sob o mote “Não é preciso muito para se oferecer a melhor prenda, e nós damo-la todo o ano”, a Refood de Benfica lançou esta semana uma campanha que consiste num vídeo promocional que conta a história de um neto que vive com os avós, e cujo único desejo é ter uma consoada com a mesa cheia.

A criança escreve uma carta ao Pai Natal, na presença da avó, que ao lê-la a mostra ao avô. Este, comovido com o desejo do neto que quer oferecer aos avós uma ceia de Natal com a mesa cheia, decide entregar a carta – não no Pólo Norte – mas à Refood em Benfica.

“Aqui em Benfica, no nosso núcleo de operações temos que pagar renda, água, a luz. E, portanto, temos que fazer alguns gastos”, admite Helena.

À Renascença, Hunter Halder, fundador da Refood, lembra que a maioria dos núcleos nacionais não têm de pagar para terem uma sede, já que estão alojados em espaços cedidos pelas juntas ou igrejas. Contudo, “às vezes, não conseguimos encontrar um lugar”, diz. “Conheço três ou quatro núcleos que têm de pagar uma renda mensal.”

“Acho que Benfica é um dos núcleos que tem muito empenho em encontrar soluções. Claro que se não houver soluções, então o núcleo nacional vai ajudar”, garantiu.

Quebra de 50% nos donativos alimentares

Em Benfica, houve também uma quebra significativa na doação de bens alimentícios – parte essencial do trabalho social da Refood, que recolhe refeições doadas por restaurantes e cantinas, e depois distribuiu por cidadãos carenciados. “Notámos quebra na quantidade. Diria que para aí estaremos a 50% daquilo que tínhamos. Algumas das fontes que nos davam muita comida estão neste momento a dar-nos muito pouco, só sopa, arroz”, conta Helena Batista.

Segundo a voluntária, o núcleo tem conseguido sobreviver porque quer o núcleo da Refood de Carnide, quer o núcleo de São Domingos de Benfica, “ainda não conseguiram reabrir”. “Portanto, nós temos alargado um bocadinho a nossa recolha e estamos a recolher em algumas das fontes que eram dos outros núcleos e que neste momento estão a dar-nos a nós”, explica.