Artistas Unidos em risco de ficar sem palco
29-05-2024 - 16:46
 • Maria João Costa

Já não é a primeira vez, mas desta a companhia Artistas Unidos, fundada por Jorge Silva Melo vai mesmo ficar sem teto. A 31 de julho o Teatro da Politécnica fecha as portas.

Termina a 31 de julho, a adenda ao contrato celebrado entre a companhia Artistas Unidos e a reitoria da Universidade de Lisboa, proprietária do espaço do Teatro da Politécnica. Esta adenda, conseguida com a intervenção da Câmara de Lisboa (CML), foi o balão de oxigénio que permitiu desde março de 2022 à companhia fundada por Jorge Silva Melo manter-se no espaço.

Agora não há casa à vista para os Artistas Unidos que esta quarta-feira em comunicado pedem “uma casa” para a companhia. “Os Artistas Unidos, vêm-se, uma vez mais sem um espaço de trabalho e de apresentação, pelo término do contrato de cessão de exploração com a Reitoria da Universidade de Lisboa”, explicam.

A companhia contabiliza 13 anos de portas abertas ao público e mais de 130 espetáculos apresentados no Teatro da Politécnica. “Fechamos agora portas, sem qualquer perspetiva sobre "onde vamos morar", citando o título de um espetáculo da companhia”, referem.

Os Artistas Unidos interrogam-se sobre o futuro, “sobre onde será possível voltar a receber artistas, amigos, espectadores, autores” e onde irão ensaiar. Segundo a companhia, têm vindo a manter “o diálogo e um esforço ativo junto da CML, na expectativa de uma alternativa digna e estável que permita cumprir definitivamente os objetivos da companhia e estabelecer um trabalho duradouro e consequente com a comunidade artística e de espectadores locais”.

No entanto, “até ao momento, nenhuma das hipóteses identificadas pela CML, ou sugeridas pelos Artistas Unidos, foi considerada viável”. À beira de completar 30 anos, em 2026, este coletivo artístico tem planeado abrir a nova temporada, em setembro com a peça “Búfalos”, a última parte da trilogia do catalão Pau Miró.

“Mas não sabemos onde e, a pergunta mantém-se: Onde Vamos Morar?”, questionam-se os Artistas Unidos. “A não existência de um teatro para os Artistas Unidos condenará a sua ação e intervenção, mais uma vez, a uma situação de itinerância e precariedade insustentáveis às características da sua atividade, impossibilitando tanto a permanência da equipa contratada, como a continuidade da sua ação cultural e artística”, concluem.

Os Artistas Unidos formaram-se a partir do grupo que estreou, em 1995, a peça “António, um Rapaz de Lisboa”, de Jorge Silva Melo. A companhia já ocupou o espaço de A Capital, depois mudaram-se para o Teatro Taborda, onde permaneceram até junho de 2005. Passou pelo Convento das Mónicas até encontrar o seu poiso no Teatro da Politécnica.