António Costa e as remodelações
02-12-2022 - 06:01

Na maioria dos casos A. Costa não remodela governantes por iniciativa sua, mas é forçado a fazê-lo. Por isso temos um governo de maioria absoluta mais desorganizado e mais fraco do que os anteriores governos, incluindo os da “geringonça”.

No regime não democrático, derrubado em 1974, havia por vezes eleições; mas estas não eram livres nem justas. Daí que as remodelações governamentais fossem encaradas com alguma expectativa, pois eram a mudança então possível.

Em democracia, quando o partido que governa dispõe de uma maioria parlamentar absoluta, como é o caso presente, acontece algo semelhante. Mas o atual governo do PS, com oito demissões em apenas sete meses, não é exemplo que se apresente.

Sabe-se que A. Costa não gosta de mudar governantes, resistindo quase até ao limite para afastar e substituir um ministro ou um secretário de Estado. Por vezes, ultrapassa mesmo esse limite. Recorde-se que dois secretários de Estado do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, em setembro haviam desautorizado o ministro do qual dependiam. Agora foram finalmente demitidos. Ou seja, o primeiro-ministro contemporizou com essa situação absurda durante dois meses.

Como A. Costa manteve Pedro Nuno Santos na pasta das Infraestruturas, apesar de ele o ter afrontado, apresentando publicamente uma solução própria para o próximo aeroporto de Lisboa. E o primeiro-ministro demorou a desistir de nomear Miguel Alves para seu secretário de Estado adjunto. Etc.

Ou seja, na maioria dos casos António Costa não remodela governantes por iniciativa sua, mas é forçado a fazê-lo. Por isso temos um governo de maioria absoluta mais desorganizado e mais fraco do que os anteriores governos, incluindo os da “geringonça”. O problema é mesmo o primeiro-ministro. E não se resolve com remodelações.