​Uma calúnia farisaica
09-08-2018 - 06:15

Cristo aproximava-se dos “impuros”. Os fariseus de hoje, como os de ontem, não gostam dessa atitude.

Habitualmente não frequento as redes sociais, porque não as considero, em geral, fontes fidedignas de informação nem de opinião séria (até porque frequentemente ambas surgem a coberto do anonimato). Mão amiga fez-me chegar um texto notável do meu colega de redação Filipe d’Avillez, denunciando uma série de calúnias absurdas que correm nalgumas dessas redes, a propósito da recente elevação do P. José Tolentino de Mendonça a arcebispo, encarregado do arquivo do Vaticano.

O texto do Filipe, escrito em inglês, encontra-se em actualidadereligiosa.blogspot.com. Os boatos aparecem em blogues que detestam o Papa Francisco, a quem chamam ditador e chefe máximo da “anti-igreja católica”, criticando, por exemplo, a recente decisão papal de considerar inadmissível a pena de morte em qualquer circunstância.

Aí J. Tolentino de Mendonça é considerado favorável ao grupo LGBT e acusado de ser ele próprio homossexual, motivo pelo qual teria sido retirado da sua diocese de origem (Funchal), e outras atoardas desse tipo, que Filipe d’Avillez desmonta com rigor e desmente categoricamente.

O que incomoda esses católicos simpatizantes do falecido Monsenhor Lefebvre, que há vinte anos rompeu com a Igreja Católica por não aceitar o Concílio Vaticano II, é o acolhimento que o agora arcebispo D. José Tolentino dava e dá a todos. Na linha, aliás, do apelo do Papa Francisco para que a Igreja se preocupe com as periferias.

O Evangelho fala repetidamente de Alguém que comia com cobradores de impostos desonestos, não afastava prostitutas, procurava os mais marginalizados – suscitando o escândalo e a fúria dos fariseus, que recusavam contactos com “gente impura”. Chamava-se Jesus Cristo.